Barganhas, ao lado do Safado's

Publicado em 05/10/2015 17:06
comentário de João Batista Olivi, a respeito da indicação do novo ministro para a Pasta da Ciência e Tecnologia.

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A nomeação do deputado Celso Pansera (PMDB) para ocupar o cargo de ministro da Ciência e Tecnologia foi encarada por muito como uma piada. O político que também é dono do self-service "Barganha", vizinho do bar "Sacana’s", foi um dos indicados que compõe a nova reforma política do governo para agradar os aliados do Partido do Movimento Democrata Brasileiro.

Há três meses, ele saiu do anonimato ao ser acusado de retaliar o doleiro Alberto Youssef, que entregou à Justiça políticos envolvidos no petrolão. Sem formação acadêmica e conhecimento de causa Pansera assume a pastaque tem o dever de estimular a inovação e preparar o Brasil para o futuro.

"É, portanto, é esse o ministro que vai gerir os recursos para que os brasileiros evoluam em pesquisas e adoção de tecnologias", completa o jornalista João Batista Olivi.

Ao entregá­la a um político tão inexpressivo, a presidente Dilma Rousseff mostra mais uma vez seu despreparo, e falta de governabilidade para guiar o país para fora dessa crise.

"Na verdade quem está gerindo as decisões de Celso Pansera, por cima de tudo, está sempre ele, o ex-presidente Lula. Dilma é apenas a presidente em exercício, mas quem está sempre a frente de tudo é ele", declara Olivi.

Confira também o editorial do jornal Estadão, veiculado no domingo (04) tratando da nomeação de Celso Pansera:

O Ministério do contubérnio

No país da piada pronta, a presidente Dilma Rousseff, em seu mais recente ato desesperado para agradar ao PMDB e salvar seu mandato, trouxe para seu Ministério o dono de um self-service chamado "Barganha", vizinho do bar "Sacana’s", que a outro pertence. Trata-se do deputado Celso Pansera (PMDB¬RJ), que, com essa sua experiência de restaurante na Baixada Fluminense, será ministro de Ciência e Tecnologia.

Eis ao que se reduziu o governo de Dilma: já não é mais o caso de perguntar que qualificações se deve ter para ocupar um Ministério, e sim quantos votos o futuro ministro pode garantir para impedir que prospere um processo de impeachment. Foi a isso que, no discurso em que anunciou seus novos ministros, Dilma deu o nome de "governabilidade".

A divulgação da dita "reforma administrativa" coroou semanas de intensas negociações entre Dilma e uma parte do PMDB, com participação direta e decisiva do mentor da presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Nessa articulação, Dilma preservou apenas a placa com seu nome na porta do gabinete presidencial. Todo o resto ficará nas mãos de Lula e do PMDB. Inaugura¬se no lamaçal brasiliense uma nova modalidade política: o governo em comodato.

Bem que Dilma tentou demonstrar alguma firmeza de propósitos para uma plateia que sabia estar diante de um abantesma. Ao dar detalhes da tal reforma, a presidente caprichou na megalomania ao afirmar que buscará transformar o Estado brasileiro em um "Estado moderno", a exemplo do que fizeram "todas as nações que atingiram o desenvolvimento". Sem nenhuma conexão com a situação precária de seu governo e de si mesma, Dilma se comprometeu a fazer com que a administração federal seja "ágil, eficiente, baseada no profissionalismo, na meritocracia".

É impossível pensar em palavras menos adequadas do que "profissionalismo" e "meritocracia" para explicar uma reforma ministerial que rateia pastas importantes entre políticos do segundo escalão da Câmara – no currículo do já citado Pansera se destaca a acusação de ser pau-mandado" do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB¬RJ), enquanto a Saúde ficará a cargo do deputado Marcelo Castro (PMDB¬PI), ligado ao líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ).

A presidente nem mesmo conseguiu cumprir a promessa de extinguir dez Ministérios, feita em agosto, como parte de uma agenda de "austeridade". Na conta de Dilma, sua equipe terá apenas oito pastas a menos, pois ela desistiu de acabar com o status ministerial dos titulares do Banco Central e da Advocacia-Geral da União e sucumbiu à pressão de PT e PMDB pela manutenção de pastas de seu interesse.

Além disso, é exigir demais da boa ¬fé alheia dizer que o anunciado corte de 3 mil cargos comissionados – um pingo d’água no oceano de 23 mil vagas para os apaniguados da Presidência – terá algum efeito na almejada redução dos gastos do governo. Na mesma linha, a anunciada redução de 10% nos salários dos ministros e da presidente, além do corte de gastos com água, luz e telefone, com passagens aéreas e diárias e com o uso de automóveis oficiais, só serve para fazer praça de uma "austeridade" para um governo que, não contente em arruinar as contas públicas, desorganizou a economia nacional.

Mas a presidente petista não parece interessada em respeitar a inteligência alheia. Seu único objetivo é sobreviver. Por isso, ela deu ao PMDB nada menos que sete pastas em seu novo Ministério, alegando que, com isso, pretende "consolidar a base política buscando uma maioria que amplie nossa governabilidade", tornando a coalizão de governo "mais equilibrada".

Também faz parte dessa estratégia desesperada de Dilma aceitar que, na sala ao lado da sua, na poderosa Casa Civil, atue o petista Jaques Wagner, homem da estrita confiança de Lula. Assim, a insistência de Dilma em dizer que se trata de uma "ação legítima", feita "às claras", apenas acrescenta insulto à injúria, pois o País todo já sabe que a reforma ministerial resultou do formidável contubérnio entre Lula e a fina flor do fisiologismo, com o objetivo de enfrentar a tempestade política e judicial que se avizinha.

Por: João Batista Olivi // Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

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