USDA traz embarques semanais de soja fortes e acima do esperado, mesmo com logística ainda comprometida
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe seus números atualizados sobre os embarques semanais de soja, milho e trigo nesta segunda-feira (24) e os números da oleaginosa vieram fortes e superando o intervalo esperado pelo mercado. Na semana encerrada em 20 de outubro, foram embarcadas 2,888,829 milhões de toneladas, enquanto as expectativas variavam de 1 milhão a 2 milhões de toneladas. Em relação à semana anterior, o volume também aumentou substancialmente.
"Grandes embarques de soja na semana passada, um dos maiores em volumes semanais e bem acima das expectativas", afirmou a especialista internacional em commodities, Karen Braun. E ela afirma ainda que foram embarcadas 1,33 milhão de toneladas no Golfo e outras 1,22 milhão pelos portos do Pacífico. "Na última semana vimos os embarques superarem, pela primeira vez na safra 2022/23, a média do período. E 75% do total teve destino China", complementou.
Em todo ano comercial, os embarques norte-americanos chegam a 7,600,918 milhões de toneladas, ainda 12% menores do que há um ano.
Os Estados Unidos embarcaram também 470,623 mil toneladas de milho e o volume ficou dentro das projeções dos traders de 350 mil a 650 mil toneladas. "Os embarques de milho vieram baixos e não há como prever uma tendência positiva, ao menos por enquanto. Mas, ainda há tempo para mudar o caminho, uma vez que a alta temporada de exportação não se dá até a segunda metade do ano comercial, como mostrou a safra 2017/18. Tal temporada começou ruim e se fortaleceu apenas mais tarde. O mercado também está atento se o acordo de exportação para o corredor nos portos da Ucrânia é renovado no próximo mês", afirma Karen.
O USDA informa ainda que o país já embarcou, em toda temporada, 3,768,124 milhões de toneladas do cereal, volume que fica 22% abaixo do mesmo período do ano passado.
Ainda segundo o boletim desta segunda, os EUA embarcaram também 125,582 mil toneladas de trigo, abaixo das expectativas do mercado de 200 mil a 500 mil toneladas. No acumulado do ano comercial, os embarques norte-americanos do grão já chegam a 9,491,684 milhões de toneladas, 0,5% menos do que há um ano.
Os números ainda baixos dos embarques de grãos pelos Estados Unidos passam ainda pelas presentes preocupações com o baixo nível do rio Mississippi. O tempo seco persiste, agrava a situação e impede que o fluxo da nova safra seja mais intenso. [
LOGÍSTICA AINDA COMPROMETIDA NO MISSISSIPPPI
"A seca nos EUA continua preocupando o lado logístico americano, pois o fluxo do rio Mississipi está cada vez mais baixo, o que ajuda a pressionar as cotações e eleva drasticamente os prêmios no Golfo", afirma o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.
As filas de barcaças continuam crescendo em diversos pontos do rio - que costuma movimentar, anualmente, 500 milhões de toneladas de carga avaliadas em US$ 100 bilhões, segundo dados do governo norte-americano - e impedindo que os números sejam mais fortes, levando, inclusive, os analistas e consultores de mercado a afirmarem que o USDA poderia vir, nos próximos boletins mensais de oferta e demanda, a revisarem para baixo as estimativas para as exportações dos EUA de soja e milho.
"A indústria está incorrendo em impactos catastróficos na capacidade dos barcos, o que, por sua vez, diminuirá drasticamente a produtividade de toneladas-milha para os rios interiores”, afirmou a ACBL (American Commercial Barges Line) - uma das maiores companhias de transporte hidroviário dos EUA - ao portal DTN The Progressive Farmer.
Apesar de as poucas barcaças que podem circular estarem circulando com volumes menores de grãos, os custos pagos por elas continuam os mesmos e boa parte disso tem ficado a cargo dos produtores norte-americanos. Em plena colheita, muitos têm tido elevados custos logísticos, ao mesmo tempo em que têm tido de bsucar outras alternativas de estocagem de sua produção, já que a mesma não escoa como deveria agora.
"O sistema precisa de 40a 60 dias de chuvas consistentes para se recuperar. Neste ponto, claro, quaisquer volumes irão ajudar, mas a possibilidade de navegação será, literalmente, determinada no dia a dia", disse ao portal americano o representantes da Russell Marine Group, Tom Russell.