EUA têm vendas semanais bem fracas de soja de pouco mais de 290 mil t
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou seu novo boletim semanal de vendas para exportação nesta quinta-feira (18) e surpreendeu com números extremamente baixos e abaixo das expectativas tanto para soja, quanto para o milho. Os dados repercutiram imediatamente sobre os futuros das duas commodities na Bolsa de Chicago, que ampliaram suas baixas de forma expressiva no pregão de hoje.
Na semana encerrada em 1 de outubro, as vendas semanais de soja dos Estados Unido somaram apenas 293,6 mil toneladas, contra expectativas que variavam de 600 mil a 1 milhão de toneladas. No acumulado da temporada, o total da oleaginosa já comprometido pelo país é de 20.842,2 milhões de toneladas, contra mais de 26,2 milhões do mesmo período do ano passado. A estimativa total do USDA para o ano comercial é de que as exportações americanas somem 56,07 milhões de toneladas.
Como explica o economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, o cenário reflete a ausência do principal comprador dos EUA, que é a China, em decorrência da guerra comercial entre os dois países que segue em curso.
"Os totais também mostram isto. São 20,8 milhões contra 26,3 milhõe de toneladas vendidas do ano passado. Os embarques refletem o mesmo, 5 milhões deste ano, contra 7,05 milhões de toneladas do ano passado, contando com uma certa arrancada na semana passada com 1,16 milhão" diz.
Além disso, segundo explica a analista de mercado Andrea Cordeiro, da Labhoro Corretora, este é um período em que os produtores norte-americanos estão mais focados nos trabalhos de colheita e não tanto em suas vendas. "E eles já vinham fazendo isso porque os preços não estavam atraindo. Claro que tivemos uma retomada das vendas, houve algumas vendas, mas de um modo geral o produtor não estava se sentindo atraído pelos preços e porque já tinha feito vendas na casa dos US$ 10,00", diz.
Andrea explica também que esse é um período em que a demanda global, mais especificamente, se volta para o produto norte-americano, em função da chegada da nova oferta, porém, esse será um fator que deverá ser analisado com mais cuidado neste momento e neste ano em função do impasse da disputa comercial.
"Esse é um período que o produtor não vende e, além disso, a procura por soja americana passaria a ter mais destaque por essa nova oferta que vem. No Brasil, os estoques estão em níveis desconfortáveis, os prêmios estão altos. Então, ou o Brasil e a Argentina importam soja para mandar para a China, fazendo essa ponte, ou a China vai ter que se voltar para o mercado americano, porque é onde tem o produto, os prêmios estão depreciados e favorecem a conta mesmo com a tributação", diz a analista.
No entanto, afirma ainda que isso é algo que tem de ser analisado considerando as estratégias dos dois países. "Obviamente que os EUA precisam dessa demanda, a demanda de outros países não está suprindo toda a intensidade da China (...) o comportamento da China nas próximas semanas vai dizer muito", completa.
Derivados de Soja
As vendas semanais de farelo de sodja também ficaram aquém das expectativas - de 150 mil a 450 mil toneladas - ao somarem 101,4 mil toneladas. O maior comprador foi a Espanha. Da safra 2019/20, as vendas foram de 200 mil toneladas.
Já no caso do óleo de soja, o total comprometido na última semana foi de 26,6 mil toneladas e ficaram acima do intervalo esperado de 5 mil a 25 mil toneladas. O principal destino foi a Coreia do Sul.
Milho
O USDA informou ainda que as vendas semanais de milho totalizaram somente 382,5 mil toneladas da safra 2018/19. O volume marca a mínima do ano comercial e é 62% menor do que o número da semana anterior, além de ficar 72% abaixo do registrado na média das últimas quatro semanas. O México foi o maior comprador da semana.
No acumulado da temporada, as vendas americnas do grão já somam 21.088,2 milhões de toneladas e, apesar do volume semanal bem baixo, esse total é bem maior do que o do ano passado, quando passavam em pouco mais de 14,9 milhões d toneladas.
"Com certa ausência de Brasil e Argentina no segmento externo, as exportações de milho dos EUA andam a todo vapor", explica Camilo Motter.
Trigo
Os Estados Unidos venderam ainda 476 mil toneladas de trigo da nova safra, total que ficou dentro das expectativas do mercado de 300 mil a 600 mil toneladas. O volume subiu 40% em relação à semana anterior, e se manteve inalterado em relação à média das últimas quatro semanas. Bangladesh foi o principal destino do grão norte-americano.