Incertezas sobre clima e qualidade travam negócios com trigo no Brasil, aponta Safras & Mercado
O mercado brasileiro de trigo teve poucos negócios nesta semana. Os agentes seguem na defensiva em meio às incertezas sobre a produção nacional. Isso deve-se ao clima adverso que predominou em setembro e se estende, em algumas regiões do Sul do Brasil, em outubro. Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Elcio Bento, a comercialização não avança no país devido às dúvidas sobre a qualidade do grão que vai sendo colhido.
Conab
A colheita da safra 2022/23 de trigo está em 41% da área estimada para a temporada 2022/23 nos oito principais estados produtores do Brasil (Goiás, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul que representam 99,9% do total), conforme levantamento semanal da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com dados recolhidos até 7 de outubro. Na semana anterior, a ceifa estava em 35%. Em igual período do ano passado, o número era de 25,5%.
Paraná
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório semanal, que a colheita atingiu 73% da área cultivada de 1,408 milhão de hectares. A área deve ser 14% maior do que em 2022, quando cultivou 1,237 milhão de hectares.
Segundo o Deral, 75% das lavouras estão em boas condições, 20% em situação média e 5% em situação ruim, com 1% em floração, 45% em frutificação e 54% em maturação. No dia 2 de outubro a colheita atingia 69% da área, com 78% das lavouras estavam em boas condições, 17% em situação média e 5% em situação ruim, divididas entre as fases de floração (7%), frutificação (41%) e maturação (52%).
A safra 2023 de trigo do Paraná deve registrar uma produção 4,155 milhões de toneladas, 18% acima das 3,515 milhões de toneladas colhidas na temporada 2022. A produtividade média é estimada em 2.951 quilos por hectare, acima dos 2.847 quilos por hectare registrados na temporada 2022.
Rio Grande do Sul
A colheita de trigo atinge 11% da área no Rio Grande do Sul. Na semana passada, os trabalhos chegavam a 3%. Em igual momento do ano passado, eram 4%. A média dos últimos cinco anos é de 8%.
Apesar da presença de precipitações em parte do período, os triticultores aproveitaram as janelas de tempo mais seco para prosseguir com o processo de colheita. A operação foi conduzida, mesmo sem as condições ambientais ideais, com o objetivo de assegurar a colheita de um produto que ainda atenda aos padrões de comercialização estabelecidos para a indústria de moagem.
A cultura está evoluindo rapidamente em direção ao estágio de maturação, que alcançou 42%. Porém, devido às condições climáticas desfavoráveis, há estimativa de redução no potencial produtivo. À medida que as lavouras avançam para o final do ciclo, observam-se danos causados pela alta umidade, principalmente em termos de quantidade e de qualidade dos grãos. A diminuição no número de grãos por espiga é atribuída a falhas na polinização e à entrada de doenças nos órgãos reprodutivos, ambas consequências do grande volume de chuvas ocorrido durante os estágios reprodutivos da cultura.
Argentina
A Bolsa de Buenos Aires cortou sua projeção para a safra de trigo da Argentina. Devido à falta de chuvas, à piora nas condições e ao aumento da área em déficit hídrico, a estimativa de produção passou de 16,5 para 16,2 milhões de toneladas. A produção segue estimada em 16,5 milhões de toneladas. A área plantada foi de 5,9 milhões de toneladas.
As lavouras argentinas se dividem entre condições boas ou excelentes (13%), normais (44%) e regulares ou ruins (42%). Na semana passada, eram 19%, 49% e 32%, respectivamente. Em igual momento do ano passado, 12%, 39% e 50%. O déficit hídrico atinge 50% das plantas. Na semana passada, eram 38%. Em igual momento do ano passado, 53%.