Trigo inverte sinal e fecha 3ª em alta novamente, mas ganhos são bem mais tímidos
Nesta terça-feira (25), o mercado do trigo abriu o dia realizando lucros, mas reverteu o movimento e encerrou a sessão em campo positivo na Bolsa de Chicago. As altas, todavia, foram bem mais tímidas do que as registradas nos últimos dias, em função das notícias vindas do conflito entre Rússia e Ucrânia e ficarm entre 3 e 4,50 pontos nos principais vencimentos. Dessa forma, o setembro fechou o dia com US$ 7,60 e o dezembro com US$ 7,81 por bushel.
Segundo analistas internacionais, apesar dos recentes ataques ao terminal de Reni, no rio Danúbio, na Ucrânia na noite do último domingo (23), a estrutura hoje operava em sua capacidade máxima, frustrando - ao menos em parte - os planos do governo de Vladimir Putin de inviabilizar completamente a principal rota alternativa de exportações do país rival depois de sua saída do acordo do Mar Negro.
Com estas informações, os futuros do trigo chegaram a perder mais de 2% ao longo do dia, porém, foram revertendo a direção dos negócios até o fechamento positivo. Afinal, os riscos não foram todos eliminados, principalmente com os trabalhadores dos portos ainda muito temerosos.
"Os portos podem operar, mas o problema é que algumas equipes não estão dispostas a ir para lá por enquanto. Alguns estão dispostos a ir, mas a maioria tem medo de ser atingido por mísseis", disse à agência internacional de notícias Bloomberg, Andrei Balasoiu, corretor de grãos que atua no porto de Constanta e no terminal de Reni.
Do mesmo modo, o consultor internacional Andrey Sizov, da consultoria SovEcon, explica que além das preocupações com os funcionários, o custo logístico nas rotas em questão também subiram expressivamente.
"Ainda há muitos navios indo para os terminais de grãos ucranianos no Danúbio. No entanto, as taxas de frete aumentaram nos últimos dias e os terminais provavelmente operarão apenas durante o dia por algum tempo, implicando em um ritmo geral mais lento. O Kremlin parou suas tentativas de fechar esta rota? As próximas noites poderão nos dar uma resposta", disse em sua conta no Twitter.
Após dias consecutivos de ataques à estruturas ucranianas, ministros da Agricultura da União Europeia estiveram reunidos em Bruxelas, na Bélgica, nesta terça-feira para discutir as rotas alternativas e as exportações de produtos agrícolas da Ucrânia.
O ministro da Lituânia, na semana passada, já havia sugerido que os portos do Mar Báltico fossem utilizados como alternativa aos que se deixar de utilizar no Mar Negro, porém, ainda é incerto o quanto estas seriam medidas eficientes o bastante para garantir o fluxo das exportações da região.
“Propusemos ao lado polonês um plano de ação para garantir que o grão não fique na Polônia e incentivar um sistema de rastreamento. Esperamos ter solidariedade do lado polonês”, disse o ministro da Agricultura da Lituânia, Kestutis Navickas, na terça-feira.
Do mesmo modo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que os países bálticos têm o direito de enviar grãos ucranianos, mas a Rússia vai lutar contra as tentativas de usar os canais para fins militares, de acordo com a Interfax, ainda de acordo com a Bloomberg.