Após cinco safras recordes, onda de calor ameaça produção de trigo da Índia
Por Mayank Bhardwaj e Neha Arora
NOVA DÉLHI (Reuters) – A produção de trigo da Índia deve cair em 2022, após cinco anos consecutivos de colheitas recordes, já que um aumento acentuado e repentino nas temperaturas em meados de março reduziu os rendimentos das safras do segundo maior produtor mundial do grão.
A queda pode conter as exportações indianas do produto. Aproveitando a alta nos preços globais do trigo depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, a Índia exportou um recorde de 7,85 milhões de toneladas no ano fiscal até março –um aumento de 275% em relação ao ano anterior.
Esperando outra safra recorde, comerciantes e funcionários do governo viram uma oportunidade de exportar 12 milhões de toneladas de trigo no atual ano fiscal de 2022-23.
Em meados de fevereiro, quase um mês antes da recente onda de calor, o governo disse que a Índia estava a caminho de colher uma safra histórica de 111,32 milhões de toneladas do grão, acima das 109,59 milhões de toneladas do ano anterior.
O governo ainda não revisou formalmente suas estimativas de produção, mas uma nota oficial, vista pela Reuters, disse que a produção pode cair para 105 milhões de toneladas este ano.
“A perda de produção de trigo fica mais ou menos em torno de 6%, por conta do encolhimento dos grãos de trigo em torno de 20% devido ao calor extremo e às ondas de calor”, disse a nota.
Em 2022, a Índia registrou seu março mais quente em 122 anos, com a temperatura máxima em todo o país subindo para 33,1 graus Celsius, quase 1,86 grau acima do normal, segundo dados compilados pelo Departamento Meteorológico da Índia.
“Temos uma ideia inicial, mas é um pouco cedo para entender completamente a extensão da perda de safra”, disse um alto funcionário do governo que acompanha o plantio e as colheitas.
Neste estágio, ninguém tem uma ideia clara sobre o tamanho da safra, disse Rajesh Paharia Jain, trader de Nova Délhi. “É uma situação dinâmica, então teremos que esperar um pouco para ver uma imagem mais clara”, disse Jain.
(Por Mayank Bhardwaj, Rajendra Jadhav e Neha Arora)