Trigo tem novo dia de alta em Chicago, acumula quase 3% de ganho na semana, mas negócios são pontuais no BR
A mesma volatilidade que se observa nos mercados do complexo soja e do milho se registra também para o trigo na Bolsa de Chicago e a semana tem sido bastante intensa para os futuros do grão negociados no mercado norte-americano. A guerra entre Ucrânia e Rússia já dura quase dois meses e mantém um grau de incerteza elevado e em constante crescimento para este mercado que é um dos presentes no centro do conflito.
Nesta quarta-feira (13), os preços do trigo terminaram o pregão com altas entre 8,75 e 10,25 pontos nos principais vencimentos, levando o maio a US$ 11,13 e o setembro a US$ 11,18 por bushel. Na semana, as altas de ambos os contratos já se aproximam de 3%, sendo de 2,96% para o maio e de 2,95% para o setembro.
As cotações ainda refletem a oferta se escasseando com a falta dos volumes russo e ucraniano no mercado, embora algumas cargas ainda são movimentadas por ambos os países, bem como dão conta das preocupações com a nova safra da Ucrânia. Desde o início da guerra, os analistas e consultores ressaltavam a possibilidade de que a temporada sofreria uma baixa expressiva de área e corria o risco ainda de que pudesse nem ao menos ser semeada.
O país conta com diversas regiões importantes de plantio que estão sob zonas de conflito e, não só com trigo, não podem ser cultivadas. Paralelamente, o Ministério da Agricultura ucraniano também vinha informando que haveria uma prioridade para outras culturas, as quais seriam destinadas a garantira a segurança de sua alimentação.
No entanto, não é só no Leste Europeu que os problemas para o trigo aparecem. A China registra sua pior safra dos últimos anos sofrendo com advseridades climáticas e a crise dos fertilizantes; o trigo de inverno dos EUA não conta com boa conclusão também em função do clima, o que se estende também para a nova safra de primavera norte-americana.
"A condição da safra norte-americana importa ainda mais com a ausência da Ucrânia no mercado", disse o chefe de commodities da StoneX, Arlan Suderman, à agência internacional de notícias Bloomberg. Ainda segundo a agência, a Associação de Grãos da Ucrânia informou nesta semana que a produção do país poderia cair para 18,2 milhões de toneladas, quase a metade do que produziu no ano passado.
MERCADO BRASILEIRO
Enquanto isso, no mercado brasileiro, os preços do trigo continuam encontrando espaço para preços sustentados e importantes, porém, ligeiramente distantes das máximas que já chegaram a testar desde que a guerra estourou.
"O preço indicado pelo comprador está na casa dos R$ 1800,00 por tonelada, tanto posto moinhos no Rio Grande Sul, quanto do Paraná, que também busca abastecimento com o produto gaúcho", explica Ritta De Baco, diretora da De Baco Corretora. "Entre os vendedores, preços diversos são comentados, de R$ 1850,00 a R$ 2000,00 por tonelada, no mercado FOB".
Os negócios neste momento, segundo Ritta, são pontuais, com compradores e vendedores "em uma queda de braço".
"Também houve indicação para safra nova de R$ 1.750,00 a tonelada, posto Rio Grande. Porém, o vendedor não veio muito na proposta, pois além de estar abaixo da pedida, que gira em torno de R$ 100,00/saca FOB interior do estado, seguem com receio de saber como será a safra deste ano", explica a diretora da De Baco. "Mesmo com números de aumento de área, vale lembrar que o Rio Grande do Sul sofreu muito com a questão do clima. Portanto, os vendedores farão safra nova apenas dos volumes necessários para o custeio das lavouras", conclui.