Moinho do Norte do PR lança programa para incentivar plantio de trigo na região
Dados do IDR-PR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar/Emater), referentes à safra 2020, mostram que o Brasil consome anualmente 12 milhões de toneladas de trigo, porém produz cerca de 6,2 milhões de toneladas, sendo o estado do Paraná o principal produtor, com 50% do volume nacional.
Para atender o consumo interno é necessário importar trigo. Somente no ano passado o Brasil importou 6,8 milhões de toneladas, acarretando o envio de recursos financeiros escassos para o exterior.
Considerando que a área cultivada com soja no Paraná é de aproximadamente 5,5 milhões de hectares, e que, no inverno o milho segunda safra ocupa 2,28 milhões de hectares, enquanto o trigo ocupa apenas 1,12 milhão de hectares, fica evidente que a área de trigo ou de outros cereais de inverno pode ser significativamente expandida.
Com foco nessa perspectiva e buscando caminhos para que o país venha a ser autossuficiente na produção do cereal, o Moinho Globo - um dos mais tradicionais moinhos de trigo do Paraná, com sede em Sertanópolis no norte do Estado - lança neste mês de outubro o Programa Germinar, cuja principal proposta é incentivar o plantio de trigo na região de Londrina, além de estimular o cultivo de variedades importantes para a indústria.
“Nosso país exporta soja, exporta milho, mas o trigo – de onde vem o pãozinho nosso de cada dia – não conseguimos produzir em quantidade suficiente e dependemos de outros países. Diante deste contexto, nosso projeto tem como objetivo fomentar cada vez mais a produção tritícola. Queremos ir além de um simples fomento local, mas colaborar para que os produtores acreditem no potencial desta cultura, que se desenvolveu muito nos últimos anos com pesquisa, novas cultivares mais resistentes, de altíssima qualidade e grande produtividade”, pontua Paloma Venturelli, presidente do Moinho Globo.
Ela complementa que a ideia é fechar novas parcerias com os produtores para que entreguem suas colheitas para o Moinho. “Já contamos com uma rede de produtores parceiros, mas pretendemos ampliar e estreitar esse relacionamento com os produtores. Queremos estabelecer parcerias sólidas e duradouras, que resultem no aumento do volume de produção a longo prazo”, explica.
Incentivos aos produtores
De acordo com o engenheiro agrônomo Rui Marcos Souza, gerente de Suprimentos do Moinho Globo, o programa foi pensado para suprir a necessidade de um trigo segregado, ou seja, para que os produtores plantem cultivares que produzam os resultados almejados pela indústria. “Em contrapartida o produtor receberá orientação em relação ao plantio, colheita e comercialização, além da garantia de recebimento de sua produção e o pagamento de um bônus sobre o valor de mercado”, esclarece.
Atualmente o Moinho Globo recebe diretamente dos produtores parceiros entre 15 e 18 mil toneladas por ano. Com o Programa Germinar, a indústria espera elevar esse número para 22 a 25 mil toneladas em dois anos, e chegar a 30 mil toneladas em 5 anos.
O programa também incentiva o sistema de rotação de cultura por meio do plantio de trigo. O engenheiro agrônomo ressalta que o cereal de inverno é perfeito para rotacionar com o milho. Ele destaca que a cultura do trigo traz benefícios indiretos ao sistema de produção, como amortização do custo fixo com inserção do trigo no sistema de produção e ganhos agronômicos do trigo sobre o manejo fitossanitário e de solo da soja.