Trigo paulista espera nova safra recorde para 2021

Publicado em 04/03/2021 08:04 e atualizado em 04/03/2021 16:36

A cadeia produtiva do trigo de São Paulo se encontrou, de forma remota, na manhã de 03 de março, para a primeira reunião da Câmara Setorial do grão no estado para avaliar os números alcançados em 2020, o mercado do cereal e estimar a safra deste ano.

De acordo com o levantamento feito com base nos reportes das maiores cooperativas paulistas, o estado prevê um aumento de área de até 15%, com um novo recorde de produção. “Se tivermos um ano positivo em relação ao clima e as expectativas dos produtores se concretizarem, teremos uma produção de aproximadamente 340 mil toneladas em São Paulo”, afirmou o presidente da Câmara Setorial de Trigo, Victor Oliveira.

A reunião, que contou com a participação de diferentes elos da cadeia, debateu, além das estimativas da safra deste ano, os números de 2020 e o cenário do mercado nos primeiros dois meses de 2021. “De acordo com os números levantados no final do ano, junto as cooperativas e as movimentações de trigo registradas nesses últimos meses, podemos dizer que São Paulo bateu a casa de 300 mil toneladas produzidas. Parte do trigo produzido no estado, de acordo com as cooperativas ainda está em estoque e será comercializado ao longo dos próximos dias”, destacou Oliveira.

Da parte dos moinhos, o momento é de grandes incertezas, com muita volatilidade, fator que dificulta a vida das indústrias moageiras, por conta da complexidade de precificar o produto no mercado. “Podemos afirmar que este foi um dos inícios de ano com menor volume de vendas, com números muito baixos no estado. Fatores como a greve na Argentina e o alto preço do trigo resultam em uma queda representativa na moagem de São Paulo, que tem perdido participação no cenário nacional”, ressaltou o presidente.

Panorama do mercado

O Wheat Head Sales – Brazil da Sodrugestvo, Douglas Araujo, foi convidado pela Câmara para apresentar aos participantes da reunião um panorama do mercado de trigo no mundo, destacando as oportunidades e as estimativas para o grão no Brasil.

Segundo ele, o mundo tem passado por um ciclo de alta das commodities, fato observado sempre após um período de recessão como o que está sendo vivenciado com a pandemia. “Observamos um movimento de alta no milho, que reflete diretamente nos preços do trigo. Os fretes marítimos, por exemplo, que estavam estabilizados, sofreram um aumento de 80%, neste início do ano, quando comparados com dezembro de 2020, elevando em até 15$ a tonelada. Não vemos um alívio deste cenário em curto prazo”

A apresentação ainda apontou a possibilidade da comercialização do trigo Lituânio no estado, que diferente do Russo, pode ser moído no interior de São Paulo, sem restrições fitossanitárias. “Os dois trigos, da Rússia e da Lituânia chegam ao mercado no mesmo período do produzido em São Paulo. Temos a certeza de que os produtores paulistas podem apostar na produção do grão pois, o que não for absorvido pelos moinhos pode ser facilmente comercializado com outros estados ou, até mesmo, fora do país”, afirmou.

Ao final da reunião, a Embrapa Trigo apresentou um sistema de alerta da Brusone do trigo, doença que acarreta em prejuízos e frustações na safra contaminada. Segundo a apresentação, esse sistema, que foi desenvolvido pela entidade, analisa as condições da lavoura do grão, sinalizando se o cenário é favorável ou não para o desenvolvimento da doença na área analisada.

Fonte: Câmara Setorial do Trigo - SP

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Rússia confirma corte de 63% na cota de exportação de trigo na temporada 2024/25
Governador de SP solicita prorrogação de benefícios fiscais ao setor moageiro até 2026
USDA traz vendas semanais de trigo para exportação dentro do esperado pelo mercado
Previsão de exportação de trigo da França em 2024/25 indica menor volume em décadas
Japão importará 4.000 toneladas de trigo para ração por meio de licitação
Previsão de safra de trigo da Rússia de 2025 sofre corte de 3 mi t, diz Sovecon
undefined