Produção de trigo no Brasil deve atingir 6,3 mi t, diz Safras; importação pode crescer

Publicado em 17/10/2020 07:09 e atualizado em 19/10/2020 09:29

SÃO PAULO (Reuters) - A produção de trigo do Brasil deve alcançar 6,3 milhões de toneladas em 2020, estimou a consultoria Safras & Mercado nesta sexta-feira, reduzindo a projeção em 300 mil toneladas ante o levantamento anterior devido aos efeitos da falta de chuvas e geadas durante o desenvolvimento das lavouras.

Apesar do recuo, o resultado representa alta em relação às 5,15 milhões de toneladas colhidas no ano passado, quando a safra foi amplamente afetada por problemas climáticos, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

No início da temporada, antes dos danos causados pelo clima, o potencial produtivo esperado para a cultura chegava a 7 milhões de toneladas, de acordo com especialistas ouvidos pela Reuters.

"Tivemos problemas no início do plantio que foram superados, mas também tivemos momentos sem precipitações e geadas, por isso reduzimos nossa projeção de produção", disse o analista da Safras & Mercado Jonathan Staudt em transmissão ao vivo pela internet.

Atualmente, ele acredita que o clima vem sendo favorável à colheita do cereal na região Sul do país, principal produtora.

"Pode ser que as chuvas previstas (para este mês) não prejudiquem, mas diminuam o ritmo de colheita do país. No geral o cenário climático é positivo."

No Paraná, os trabalhos alcançaram 79% das áreas nesta semana, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral).

Levantamento da Emater-RS indica que 18% das áreas de trigo do Rio Grande do Sul foram colhidas até esta quinta-feira, percentual superior aos 13% registrados nesta época da safra passada e aos 16% da média para o período.

 

IMPORTAÇÃO

Com a nova estimativa de produção da Safras, a necessidade de importação do cereal aumentou e poderá chegar a 7 milhões de toneladas, ante 6,7 milhões de toneladas na previsão anterior, segundo a consultoria.

"A Argentina passa por problemas com seca, mas ainda terá cerca de 12 milhões de toneladas em excedente exportável. Ela deve fornecer pelo menos 80% do trigo ao Brasil...mais de 5 milhões de toneladas, até 6 milhões", afirmou Staudt.

O analista considera o produto que será adquirido no exterior no ano comercial que vai de agosto de 2020 a julho de 2021.

Na quinta-feira, a safra de trigo 2020/21 da Argentina foi estimada em 17 milhões de toneladas pela Bolsa de Comércio de Rosário (BCR), uma redução frente à previsão anterior de 18 milhões de toneladas, devido à seca que afeta áreas produtoras do cereal há meses e às recentes geadas vistas no país.

A Argentina é um dos principais fornecedores do cereal do mundo e preocupações quanto ao clima desfavorável no país e em outros produtores fizeram com que o trigo cotado em Chicago atingisse o maior patamar de preço em quase 6 anos.

Neste contexto, o analista da Safras lembrou que o Brasil aprovou cotas para importação de 750 mil toneladas de trigo de fora do Mercosul sem tarifa, até o fim do ano, o que favorece os custos para os moinhos.

"Mas temos que levar em consideração toda a questão logística", ponderou, ao apontar que neste momento as cotações externas também estão elevadas.

Os principais países beneficiados com as cotas foram Estados Unidos e Rússia.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Restrições tácitas à exportação de grãos pela Rússia causam confusão no mercado
Preços de exportação de trigo russo param de subir com melhora do clima
A qualidade do trigo de inverno dos EUA está entre as piores de todos os tempos, deixando analistas perplexos
Egito espera atraso no embarque de trigo russo em novembro, diz ministro do abastecimento
Trigo/Cepea: Clima prejudica lavouras no Sul; preços sobem com força em SP
Trigo cai em Chicago com previsão de tempo chuvoso nas planícies dos EUA