Cultivares adaptadas e tolerantes a doenças contribuem com aumento do plantio no Cerrado Mineiro
A EPAMIG Oeste iniciou sua pesquisa com o trigo, em 1976, a partir do Programa de Melhoramento de Trigo, sediado no Campo Experimental Getúlio Vargas, em parceria com a Embrapa e Cooperativa Agropecuária do Alto Paranaíba (Coopadap). Em 1995, o trabalho ganhou novos parceiros incluindo os moinhos de Minas Gerais. Com isso, a área com plantio de trigo na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba cresceu. A partir de 2012, a Embrapa Trigo fortaleceu a parceria e implantou o Núcleo Avançado de Pesquisa em Trigo Tropical, na Estação Experimental de Itiguapira, em Uberaba. Hoje, o cultivo do grão ganha os campos de Minas Gerais apoiado nos avanços da pesquisa. A safra cresceu 5,2% em 2017. O estado passou a produzir 30% do que consome devido ao aumento da produtividade da planta, investimentos feitos em tecnologia e ao acesso dos produtores a sementes adequadas.
Cultivares adaptadas - Para dar suporte técnico aos triticultores, experimentos são conduzidos pela EPAMIG Oeste, em parceria com a Embrapa Trigo, no Campo Experimental Sertãozinho, em Patos de Minas. Os trabalhos estão inseridos no Programa de Desenvolvimento de Cultivares de Trigo para Minas Gerais. A pesquisa, aliada a um mercado cada vez mais crescente, visa disponibilizar cultivares adaptadas às diferentes condições de solo e clima do Estado, tanto para aquelas regiões tropicais, como o Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas, quanto para as regiões mais frias, como o Campo das Vertentes e o Sul de Minas.
Cultivares resistentes - O trabalho disponibiliza cultivares tolerantes e/ou resistentes às doenças, principalmente à brusone, que é capaz de reduzir em até 100% a produtividade de lavouras localizadas em regiões mais quentes do estado. Segundo o estudo não existe cultivar totalmente resistente à brusone, mas os pesquisadores apostam na tolerância genética como alternativa mais econômica para o controle da doença.
Convivência com doença – Além de não existir controle genético, o controle químico da brusone é ineficiente. A alternativa apresentada aos triticultores, de acordo com o estudo, é conviver com a doença. As formas para reconhecer a brusone, os fatores que favorecem e que desfavorecem o seu aparecimento, além de estratégias de convivência com a doença são informações importantes para vencer o problema. Ajustes no calendário de semeadura também podem evitar a doença. Fazer o plantio no final do período das chuvas, a partir de meados de março, por exemplo, levará o trigo ao espigamento e enchimento de grãos quando as temperaturas estão mais baixas, o que desfavorece o fungo causador da brusone. Recebendo o conhecimento gerado na pesquisa, os triticultores, principalmente das regiões tropicais brasileiras, podem conviver com a brusone dentro de níveis baixos de incidência.
Crescimento da triticultura - Na ultima década, a área de trigo em Minas Gerais saltou para quase 85 mil hectares. Os produtores perceberam os benefícios trazidos pelo trigo como opção de cultivo no período de entressafra das culturas de verão. Vantagens como formação de palhada para o sistema de plantio direto, redução de custos no controle de plantas daninhas e doenças nas culturas de verão, além de lucro com a venda direta dos grãos, tem feito com que o trigo conquiste espaço no calendário agrícola da região. A lei do vazio sanitário da soja e do feijão também abriu uma oportunidade para o trigo, influenciando os agricultores no uso dessas áreas com uma cultura que gera receita ao invés de simplesmente realizar dessecação obrigatória, envolvendo gastos sem retorno. Por isso, o trigo de sequeiro ou de safrinha tem sido uma excelente opção nestas áreas. Na última safra, a produção mineira foi de 226 mil toneladas. No documento “Projeções do Agronegócio Mineiro 2017 a 2027”, a expectativa do Governo do Estado é chegar a 300 mil toneladas nos próximos dez anos, quando a área é estimada em 232 mil hectares.
Novas tecnologias - Para suportar este crescimento, a EPAMIG Oeste e a Embrapa Trigo trabalham na geração de novas tecnologias e nas ações de transferência de tecnologia para o produtor. Investir em novas cultivares de trigo, desenvolvidas para um desempenho superior em rendimento e sanidade é uma alternativa para os triticultores. As novas cultivares, disponibilizadas pela pesquisa, são mais produtivas, com melhor tolerância à seca e às doenças.
Cultivar Brilhante - A EPAMIG Oeste já lançou no mercado a cultivar Brilhante. Atualmente, diversas linhagens estão sendo avaliadas nas fases finais do desenvolvimento de novas cultivares visando maior tolerância à seca e à brusone.
Projetos em andamento - Projetos de pesquisa da EPAMIG Oeste sobre o trigo garantem mais tecnologia visando aumento da produtividade e combate a doenças. Confira os trabalhos em andamento:
1. Programa de Melhoramento Genético de Trigo para Minas Gerais - da EMBRAPA Trigo
2. Melhoramento de populações de trigo visando tolerância ao estresse hídrico
3. Influência de brusone na qualidade do trigo para a farinha
4. Avaliação de aplicação de bioestimulante na cultura do trigo
5. Cultivares de trigo mais tolerantes à escassez hídrica
6. Controle da doença brusone na cultura do trigo
7. Biofortificação com zinco na cultura do trigo
8. Estratégias de convivência com a brusone do trigo no cerrado
9. Controle genético e aspectos epidemiológicos da brusone do trigo - Efeito da presença ou não da translocação 2NS/2AS sobre o desenvolvimento da brusone e a produção de grãos
10. Controle genético e aspectos epidemiológicos da brusone do trigo - Relação entre Pyricularia oryzae e P. graminis-tritici em Patos de Minas (MG)
11. Ferramentas de fenotipagem no estudo da interação patógeno x hospedeiro em mancha amarela do trigo. Caracterização fenotípica de genótipos de trigo por diferentes métodos não usuais em fitopatologia
12. Ferramentas de fenotipagem no estudo da interação patógeno x hospedeiro em mancha amarela do trigo. Fenotipagem da mancha amarela do trigo na região do Cerrado
13. Ensaio rede de fungicidas para controle de brusone – 2015 - 2018
14. Desenvolvimento de modelos de detecção precoce da mancha amarela do trigo usando tecnologias de aprendizado de máquina