Oferta de cana para moagem recua 7%
Mas a estiagem se prolongou de tal forma que nem a previsão mais "realista" se confirmou e agora os números indicam que o volume disponível para processamento neste ciclo é de 570,1 milhões de toneladas de cana.
Esse número pode ficar ainda menor. As previsões climáticas contratadas pela Unica indicam que não haverá chuva nessas regiões até 15 de setembro - o número de 570 milhões de toneladas já considera esse quadro, segundo o diretor técnico da Unica, Antônio de Pádua Rodrigues. "No entanto, se a estiagem permanecer após esse período, provavelmente teremos que rever novamente para baixo", disse.
Apesar do percentual elevado de quebra na moagem em toneladas, no fim das contas, o impacto na produção de açúcar e álcool não deve ter a mesma dimensão, disse Pádua. Isso porque a seca também trouxe efeito positivo, pois o sol potencializou a produção de açúcares na cana. Os níveis de ATR (açúcar contido no cana) estão mais altos e devem, na média, atingir 141,8 quilos por tonelada, 8,9% mais do que em 2009/10, e 2,3% acima da estimativa inicial da Unica.
Assim, a produção de açúcar caiu apenas 1,1% em relação às estimativas iniciais e deve ser de 33,73 milhões de toneladas. A de álcool caiu 3,7% para 26,38 bilhões, também em relação à previsão anterior. "Na comparação com a temporada 2009/10, os números continuam sendo de crescimento", disse.
A situação climática desta safra é oposta à da temporada passada, quando o excesso de chuvas reduziu o tempo de aproveitamento da moagem. As precipitações elevadas também dificultaram o plantio de cana nas áreas de renovação, atividade que é feita parcialmente no começo de ano. Esse trabalho continuou a ser prejudicado porque, agora, a falta de chuvas não oferece condições para que o plantio seja realizado, explicou Pádua.
Assim, a estiagem deve afetar duplamente o volume de cana disponível para moagem na próxima safra. Além da baixa renovação, a seca também deve prejudicar a produtividade da cana já plantada. "Tudo vai depender do comportamento do clima".
Pádua adianta que é provável que na próxima safra, a 2011/12, não haja crescimento e que o volume de cana para processamento seja semelhante ao da atual temporada.