Falta de chuva compromete produção de cana-de-açúcar na Mata Norte do PE
No engenho de Felipe Neri, fornecedor de cana, localizado em Lagoa de Itaenga, não choveu como se esperava. Ele plantou dez hectares de milho pra colher no São João e está sem esperança de conseguir vender uma espiga sequer. Na área ao lado, ele cultiva cana e o pé, que deveria estar grande, não cresceu: “daqui a três meses a usina começa a moer. Uma cana dessa, com esse tamanho, não tem como se recuperar mais”, lamentou Neri.
A falta de chuva traz prejuízo especialmente para os seis engenhos existentes na Zona da Mata Norte do Estado. Os produtores investiram na limpeza do terreno, no plantio e em adubo, mas não há sistema de irrigação.
Quem planta nesta região costuma contar exclusivamente com um inverno generoso. A estação, na localidade, vai de abril a agosto. Na primeira quinzena de maio, por exemplo, choveu 70% menos do que era esperado, segundo o Laboratório de Meteorologia de Pernambuco.
De janeiro a maio, choveu no Estado todo 718 milímetros, quando o esperado eram 1167, de acordo com o instituto de meteorologia. A redução é de 61,5%.
Cristiano Soares tem 120 hectares de cana plantados em Itambé e está preocupado: o adubo não foi dissolvido pela chuva e ele já demitiu seis funcionários e colocou 15 de férias. Ele não se animaria nem se chovesse agora: “o dano já foi feito, não tem mais o que reverter. Vamos ver o que se faz daqui pra frente”.
O presidente da Associação dos Fornecedores de Cana, Alexandre Andrade Lima, disse que há oito anos os engenhos não atravessavam uma situação tão difícil e comentou a respeito dos problemas que a atual fase acarreta: “diretamente será reduzido na região o número de empregos trabalhadores rurais. Deveremos ter uma redução média de 30%. A Mata Sul tá sendo pouco atingida. O problema é mais na região norte”.