Açúcar tem semana tumultuosa em termos macroeconômicos e com fundamentos enfraquecidos
De acordo com o que afirmou a Lívea Coda, analista de açúcar e etanol da HedgePoint Global Markets, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta terça-feira (05), o mercado do açúcar tem nesta semana um cenário macroeconômico tumultuoso, enquanto que os fundamentos estão enfraquecidos.
Segundo o que ela aponta, durante outubro não houve muitas notícias que trouxessem um fortalecimento do fundamento. Apenas as chuvas no Centro-Sul do Brasil que contribuíram para uma visão um pouco mais de queda. Porém, ao mesmo tempo em que de longo prazo isso pode ser positivo para o desenvolvimento da próxima safra, também atrapalha um pouco o escoamento do açúcar, conforme ressaltou a analista.
“A gente ainda tem disponibilidade de açúcar no curto a médio prazo, mas a gente está se aproximando da entressafra brasileira. Então essa essa reação que nós temos visto no açúcar das últimas duas semanas, elas têm também um cunho macroeconômico”, afirma Coda.
“Tem as eleições nos Estados Unidos, a gente tem reunião do Copom no Brasil com o real se desvalorizando, o que também acaba ajudando a ter mais disponibilidade no mercado açúcar porque compensa mais para as exportações, e a gente também tem a reunião do Fed. Então a gente tem uma semana bastante tumultuosa em termos macroeconômicos e o o açúcar tem respondido por conta de um enfraquecimento dos seus fundamentos”, acrescenta.
Com isso, nesta terça-feira, o adoçante registrou leves variações negativas entre os principais contratos futuros de Nova York e de Londres. No início da tarde, as perdas chegaram a ser mais expressivas, próximas de 1%, porém reduziram a intensidade ao longo do dia, encerrando a sessão com variações próximas da estabilidade.
Assim, em Nova York, o contrato março/25 apresentou uma leve retração de 0,03 cents (-0,14%), sendo negociado a 21,90 cents/lbp. O maio/25 registrou uma queda de 0,04 cents (-0,20%), fechando em 20,31 cents/lbp. O julho/25 apresentou uma baixa de 0,03 cents (-0,15%), cotado a 19,46 cents/lbp, enquanto o outubro/25 encerrou o dia com uma queda de 0,03 cents (-0,16%), a 19,22 cents/lbp.
Na Bolsa de Londres, o dezembro/24 avançou ligeiramente, subindo US$ 0,40 (+0,07%), fechando a US$ 555,90 por tonelada. O março/25 teve um recuo de US$ 0,90 (-0,16%), sendo negociado a US$ 566,50 por tonelada. O maio/25 subiu marginalmente, com um ganho de US$ 0,10 (+0,02%), encerrando a US$ 559,50 por tonelada, enquanto o agosto/25 fechou o dia em baixa, caindo US$ 1,10 (-0,20%) e finalizando a US$ 543,00 por tonelada.
Mercado interno
Como mostra indicador Cepea Esalq, o açúcar cristal branco, em São Paulo, teve alta de 0,68% e passou a ser cotado em R$ 165,78/saca . O açúcar cristal em Santos (FOB) tem valor de R$ 159,26/saca, após desvalorização de 0,41%. O cristal empacotado, em São Paulo, subiu 1,32% e foi a R$ 16,4718/5kg. O refinado caiu 0,60% e está cotado em R$ 3,5936/kg, e o VHP perdeu 0,89%, com preço de R$ 111,81/saca.
Em Alagoas, também com base no que mostra o indicador Cepea Esalq, o preço do açúcar está em R$ 152,32/saca, após desvalorização de 3,15%. Na Paraíba, a cotação é de R$ 158,25/saca. Em Pernambuco, o adoçante vale R$ 151,57/saca.
Segundo Lívea Coda, como houve uma qualidade da cana durante 24/25 com mais açúcares redutores, o que dificultou muito o desvio da matéria bruta para açúcar e fez o mix ficar menor do que inicialmente projetado e até do que o desejado pelas usinas, vai ter um pouco menos de produto de açúcar do que o planejado, e o açúcar branco é ainda mais difícil de produzir. Por isso, ela vê uma tendência altista no índice Cepea e a expectativa é que na entressafra essa tendência se mantenha.