Qual é o cenário para o mercado de açúcar se o Centro-Sul produzir apenas 611 mi de t de cana em 24/25?
No relatório anterior, “Açúcar: Efeitos do clima adverso no Centro-Sul podem reduzir a safra 24/25 se persistentes” (Açúcar - 12.02.docx), a hEDGEpoint analisou os desafios de rever o volume de cana da próxima safra do Centro-Sul brasileiro e, portanto, o açúcar. “A principal razão por trás dessa dificuldade é que a precipitação foi bastante irregular e dispersa por toda a região”, diz Lívea Coda, analista de Açúcar e Etanol da hEDGEpoint.
Ainda segundo Lívea, “enquanto algumas das principais microrregiões produtoras de cana, como Ribeirão Preto e o Triângulo Mineiro, tiveram chuvas abaixo da média, outras, como São José do Rio Preto e Araçatuba, tiveram níveis de precipitação mais típicos. Além disso, observamos que algumas entidades preveem uma expansão significativamente maior no mix de açúcar em comparação com nossa projeção. Embora reconheçamos que investimentos substanciais tenham sido feitos ao processo de cristalização, a extensão exata desses investimentos permanece incerta. Como resultado, nossa estimativa de 50,9% pode ser considerada conservadora por alguns”, explica.
Consequentemente, há duas variáveis a serem exploradas:
1. A possibilidade de um volume menor de cana;
2. Um mix de açúcar mais elevado.
“Em primeiro lugar, é essencial enfatizar que a análise que estamos prestes a realizar pressupõe que todo o resto permaneça constante (ceteris paribus). Nossa estimativa atual sugere que o Brasil poderia produzir 620Mt de cana. Com um mix de açúcar de 50,9%, isso renderia aproximadamente 41,8Mt de açúcar e 33,3Mt para exportação, garantindo fluxos comerciais equilibrados”, pontua a analista.
“De acordo com nosso modelo para produtividade da cana, a faixa potencial vai de 79,7 a 82,8 t/ha, com nosso caso base de 80,8 t/ha. Assumindo o nível inferior para a produtividade, 79,7 t/ha, e o mesmo pequeno aumento na área cultivada de cana, seu volume total seria de 611 Mt. Agora, surge a pergunta: Quanto açúcar pode ser produzido com essa quantidade de cana?”, observa.
E prossegue: “Dependendo do mix de açúcar, o volume de açúcar pode variar entre 41,2 Mt e 42,3 Mt. O último cenário garantiria uma perspectiva mais baixista, com um superávit de 875 kt no total dos fluxos comerciais entre o 1T/24 e o 1T/25, enquanto o primeiro é mais altista, com-249 kt para o mesmo período”.
É importante observar que, independentemente do cenário, o mercado parece estar bastante equilibrado, com o Brasil desempenhando um papel significativo para essa situação com seu possível segundo melhor ano de produção. O principal risco, portanto, é ter uma queda mais acentuada na produtividade.
“Entretanto, com os últimos resultados de precipitação, acreditamos que seria prematuro considerar uma redução maior no momento. Ainda existe um intervalo para o desenvolvimento da cultura até o início de 24/25. Outro ponto que merece ser monitorado é a formação do padrão La Niña”, pontua.
Um evento climático menos severo pode ter um impacto positivo na concentração de sacarose no Centro-Sul e ajudar no desenvolvimento da safra no Hemisfério Norte. No entanto, se o evento for mais intenso, ele poderá reacender a tendência de alta, penalizando a disponibilidade. Atualmente, a previsão do ENSO mostra um aumento na probabilidade de o padrão climático começar em junho.
No curto prazo, ao entrarmos no período de entressafra no Brasil, os preços podem encontrar apoio, especialmente devido à aproximação das festividades do Ramadã. No entanto, a menor precipitação no Centro Sul continua impulsionando a produção de açúcar no final da safra. No total, a região já moeu 646Mt e produziu 42,1Mt de açúcar.
“O relatório anterior destacou os desafios na previsão da próxima safra do Centro-Sul do Brasil devido à precipitação desigual nas principais regiões. Assumindo a estabilidade, nossas estimativas sugerem uma produção de 620 Mt de cana, com aproximadamente 41,8 Mt de açúcar e 33.3Mt para exportação em 24/25”, afirma Lívea.
As possíveis variações na produtividade da cana e no mix de açúcar podem afetar os fluxos comerciais, enquanto os principais riscos incluem novas quedas de produtividade e a influência do La Niña no desenvolvimento da safra. Prevê-se um suporte de preço de curto prazo durante o período de entressafra do Brasil, mas a produção tardia de açúcar pode limitar seus ganhos.