Etanol mais barato: Entressafra 23/24 mais confortável faz preços recuarem e consumidor já encontra combustível por cerca de R$ 2,50/l

Publicado em 12/01/2024 16:45 e atualizado em 15/01/2024 10:36
Próxima atualização de preços dos combustíveis aos consumidores pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) sairá nos próximos dias

Os estoques amplos de etanol nesses últimos meses da safra 2023/24 (abril-março) e a moagem ainda em andamento nas últimas semanas no Centro-Sul, principal região produtora de cana do país, deve fazer com que esta entressafra seje bem mais tranquila, segundo o Itaú BBA. Com isso, os preços nas usinas já têm recuado e, consequentemente, também ao consumidor pelo país.

"A colheita da cana permanece forte... E o fator adicional são os estoques do biocombustível que estão elevados. Neste sentido, nossa estimativa é de uma entressafra com paridades abaixo dos 70% [nível considerado competitivo para uso do biocombustível ante a gasolina] nos principais estados consumidores de hidratado, pressionando os preços nas usinas para estimular o aumento da demanda do biocombustível pelo consumidor", afirma Annelise Izumi, analista da consultoria Agro do Itaú BBA.

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) trouxe nesta semana que, na 2ª quinzena de dezembro, a moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul do país foi 79,87% maior do que no mesmo período da safra passada. Com isso, foram fabricados na segunda metade de dezembro 526,11 milhões de litros (+62,88% a/a) de etanol pelas unidades da região, sendo 353,79 milhões de l de hidratado.

No acumulado desde o início do atual ciclo agrícola até 31 de dezembro, a fabricação do biocombustível totaliza 31,44 bilhões de litros (+14,39% a/a), sendo 18,79 bilhões de etanol hidratado (+18,72% a/a) e 12,66 bilhões de anidro (+8,52% a/a).

Normalmente, a partir de setembro as chuvas começam no Centro-Sul e impactam a colheita e moagem da cana – o que não aconteceu nesta safra. Porém, a tendência é que gradualmente esses números caiam até abril, quando terá início a próxima safra, 2024/25, do Centro-Sul. "Nos meses finais do ano e no primeiro trimestre do ano seguinte, além do aumento nas precipitações, que são normais para o período, as usinas entram em período de manutenção da indústria que é muito importante para os ajustes para a boa operação da safra seguinte", afirma Izumi.

"À depender do volume de cana, o planejamento de colheita geralmente segue o calendário de iniciar em abril e terminar em outubro/novembro. Quando há mais cana, ou as usinas iniciam antecipadamente (março) ou terminam depois (dezembro)", complementa a analista.

Informações do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), com os dados até 15 de dezembro do ano passado, apontam que os estoques físicos de etanol totais estão em 10,59 milhões de m³, sendo 4,1 de anidro e 6,4 de hidratado. Ou seja, estão em níveis bastante confortáveis para subrir um possível aumento da demanda com o preço em queda do etanol nesta entressafra.

"A demanda de hidratado aumentou ao longo do ano, principalmente quando as paridades começaram a ficar abaixo dos 70%. Porém, se compararmos com anos anteriores e considerando os elevados níveis de estoque, a demanda pelo biocombustível ainda precisa aumentar", destaca a analista do Itaú BBA.

Diante de todo esse cenário, os preços do etanol já têm recuado nas últimas semanas nas usinas paulistas. O indicador diário do etanol hidratado Esalq/BM&F Bovespa, posto em Paulínia, atingiu nesta quinta-feira (11) valor de 1.942,00 por m³, o menor desde meados de dezembro do ano passado.

"Mesmo em um cenário de maior demanda de hidratado – algumas distribuidoras precisaram repor estoques de produtos vendidos entre o Natal e Ano Novo –, os negócios foram realizados a preços menores. Já outros compradores se abastecem com produto adquirido via contratos, sem grande necessidade de atuar no spot. A pressão também vem da oferta expressiva de hidratado ainda nos tanques", explica o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea, da Esalq/USP).

Aos consumidores, os preços também recuam. Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontam que, na semana entre 31 de dezembro e 6 de janeiro, os preços do etanol na média Brasil estavam em R$ 3,39 por litro. Uma queda semanal de 0,88%. Porém, postos de São Paulo, principal estado consumidor do biocombustível, já vendiam o litro por R$ 2,74/l, em cerca de R$ 2,50.

Nesse mesmo período, em 2023, o etanol era vendido nos postos do país, em média por R$ 4,00/l. A próxima atualização da agência deve sair nos próximos dias.

Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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