Açúcar: seca é bem-vinda em termos de fluxos comerciais, mas sua longa duração pode levantar preocupação sobre safra 24/25; entenda os motivos
• O principal destaque da semana foi a entrega de açúcar branco, com o contrato de dezembro atingindo o maior fechamento em mais de 12 anos, 746,6 USd/t.
• O açúcar bruto mostrou fraqueza apesar de uma queda substancial no Índice Dólar.
• Redução das chuvas no Centro-Sul e a revisão do déficit global de açúcar pela Organização Internacional do Açúcar podem explicar a sua falta de responsividade à macroeconomia.
• O congestionamento portuário e a moagem das usinas foram afetados por um outubro mais chuvoso que a média, mas novembro mostra sinais de melhora. Espera-se que o tempo seco persista, indicando uma potencial melhora no ritmo das nomeações.
O principal acontecimento da semana passada foi a entrega de açúcar branco. Com vencimento na quarta-feira, o contrato de dezembro terminou em seu maior fechamento em mais de 12 anos, em 746,6 USd/t. O spread Z/H sofreu volatilidade durante a sua última sessão antes de se aterrissar em 12 Usd/t. Quase 263kt foram entregues, abaixo dos 360kt de 2022. As análises estão no relatório recente da hEDGEpoint Global Markets.
“O Brasil foi o principal entregador, seguido pelas refinarias da Índia e dos Emirados Árabes Unidos. Estes últimos indicam que o atual nível do prêmio do branco – cerca de 140 USd/t – deve representar incentivo suficiente para as refinarias costeiras no curto prazo, pelo menos enquanto o Brasil estiver fornecendo açúcar bruto ao mercado internacional”, diz a analista de Açúcar e Etanol da companhia, Lívea Coda.
A analista observa, ainda: “Falando em bruto, sua semana foi marcada por uma certa fraqueza. Embora o Índice de Dólar tenha registrado uma queda substancial de 1,5%, desencadeada pela fuga dos investidores em resposta a uma taxa de inflação mais moderada no do que o previsto para Outubro nos EUA, o adoçante não conseguiu registrar ganhos”.
Além de a Organização Internacional do Açúcar ter reduzido significativamente sua projeção de déficit global para 2023/24 para 0,33Mt, abaixo da estimativa anterior de 2,11Mt, a melhoria da previsão climática para o Centro-Sul pode ser uma das principais razões pelas quais o açúcar não conseguiu responder à macroeconomia.
O congestionamento portuário e o ritmo de moagem das usinas brasileiras foram penalizados por um outubro mais chuvoso que a média. No entanto, novembro está indicando melhorias. Em termos de dias perdidos, a primeira quinzena do mês registrou uma queda acentuada, terminando abaixo da média de 10 anos, em cerca de 1,3 dias.
“As previsões meteorológicas mostram que esta tendência mais seca deverá persistir, apesar de algumas chuvas previstas para esta semana. Embora ainda deva existir alguma repercussão das interrupções nas operações de carregamento, podemos esperar melhorias no congestionamento”, afirma.
Aliás, o Índice de Congestionamento Portuário da Refinitiv para o Brasil já apresenta um ritmo de carregamento mais rápido, com redução mensal de quase 14% ou queda de 1,3 dias. Esta seca é, portanto, considerada bem-vinda em termos de fluxos comerciais de açúcar.
Entretanto, sua longa duração, pode começar a levantar preocupações sobre as condições de desenvolvimento da safra 24/25, sendo importante seu monitoramento.
Resumo
Entre os desenvolvimentos macroeconômicos e a entrega do branco, os preços do açúcar bruto não apresentaram grandes alterações durante a semana. A ideia de que o açúcar pode começar a fluir um pouco mais rápido para o mercado internacional, em oposição à mudança de sentimento macroeconômico, permitiu esta estabilidade.