Aspartame: Adoçante artificial usado na Coca Zero e outros produtos será declarado possível cancerígeno, dizem fontes

Publicado em 30/06/2023 09:45 e atualizado em 30/06/2023 11:36
Com exclusividade, a agência de notícias Reuters disse que anúncio deve vir no próximo mês de um importante organismo global de saúde ligado à Organização Mundial de Saúde (OMS)

O aspartame, um dos adoçantes artificiais mais utilizados pela indústria de bebidas e alimentos, será possivelmente declarado cancerígeno no próximo mês pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc), braço de pesquisa de câncer da Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo reportagem exclusiva da agência Reuters publicada nesta quinta-feira (29) com base no relato de duas fontes com conhecimento do processo.

O adoçante artificial é atualmente utilizado em refrigerantes, como a Coca Zero ou Diet, gomas de mascar e outras bebidas.

Segundo a Reuters, a Iarc reuniu especialistas externos neste mês afim de verificar os potenciais perigos ou não do aspartame com base nas evidências publicadas até o momento sobre a substância. A decisão não deve levar em conta o quanto de um produto uma pessoa pode consumir com segurança ou não. Este tipo de determinação vem de um outro comitê de especialistas da OMS, além de reguladores de cada país.

A decisão vem em um momento em que diversos países – principalmente os europeus – têm buscado reduzir os níveis de açúcar nos produtos alimentícios e em bebidas ou mesmo taxar mais fortemente esses produtos por conta do crescimento da obesidade e os reflexos aos sistemas de saúde. Porém, estimulam a substituição do produto de origem natural por adoçantes artificiais, como o próprio aspartame.

Decisões anteriores da Iarc no passado, ao declarar um produto potencialmente cancerígeno, segundo a Reuters, levantou diversas preocupações entre os consumidores, claro, mas também gerou ações judiciais e fez com que fabricantes adaptassem receitas. Também houve críticas em outros momentos de que as avaliações da Iarc podem ser confusas para o público.

O aspartame é atualmente utilizado em refrigerantes, como a Coca Zero ou Diet, gomas de mascar e outras bebidas - Foto: Reuters

O Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares da OMS e da Organização para Agricultura e Alimentação (JECFA), que também está revisando o uso do aspartame, afirma desde 1981 que o aspartame tem consumo seguro dentro de certos limites diários. Por exemplo, um adulto de 60 kg teria que beber entre 12 e 36 latas de refrigerante diet –dependendo da quantidade de aspartame na bebida – todos os dias para estar em risco.

Essa visão tem sido amplamente compartilhada por reguladores nacionais, incluindo Estados Unidos e Europa, mas pode mudar a partir do mês que vem, quando reuniões sobre o adoçante artificial forem finalizadas no dia 14 de julho, mesmo dia no qual a Iarc planeja anunciar sua decisão, segundo a Reuters.

Um porta-voz da Iarc disse para a agência de notícias que as conclusões dos comitês Iarc e JECFA eram confidenciais até julho, mas acrescentou que eram "complementares", com a conclusão da Iarc representando "o primeiro passo fundamental para entender a carcinogenicidade". O comitê de aditivos "realiza avaliação de risco, que determina a probabilidade de um tipo específico de dano (por exemplo, câncer) ocorrer sob certas condições e níveis de exposição".

No entanto, a indústria e os reguladores temem que manter os dois processos ao mesmo tempo possa ser confuso, de acordo com cartas de reguladores dos EUA e do Japão vistas pela Reuters. "Pedimos gentilmente a ambos os órgãos que coordenem seus esforços na revisão do aspartame para evitar qualquer confusão ou preocupação entre o público", escreveu Nozomi Tomita, autoridade do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão, em uma carta datada de 27 de março à vice-diretora da OMS Zsuzsanna Jakab.

A carta também pedia que as conclusões de ambos os órgãos fossem divulgadas no mesmo dia, como está acontecendo agora. A missão japonesa em Genebra, onde fica a sede da OMS, não respondeu a um pedido de comentário.

Com informações da agência de notícias Reuters

Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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