Açúcar: preços sofreram correções com a esperada recuperação de ritmo da safra brasileira
Os preços do açúcar corrigiram para um nível inferior ao observado em duas semanas (25,6USc/lb) na última quinta-feira (18), com o mercado começando a precificar uma recuperação no ritmo de moagem do Centro-Sul (CS) ainda em maio. Como na primeira quinzena do mês choveu pouco e a maioria dos modelos de previsão mostram clima favorável para a atividade das usinas nos próximos dias, o CS deve ter moído o máximo que pôde na primeira quinzena e deve manter um ritmo forte no restante do mês. Assim, espera-se que o próximo relatório da Única traga uma moagem superior a 40Mt de cana, explicitando a recuperação do ritmo de moagem da região.
O clima também mostra melhora quando se trata de previsões mais distantes. Junho, por exemplo, não está tão chuvoso como se esperava anteriormente, porém ainda há riscos de precipitação acima da média em julho e agosto – já sendo considerado em nossa previsão para 23/24 à medida que consideramos uma piora na qualidade da cana. Portanto, as usinas devem aproveitar o clima favorável atual e do próximo mês, enquanto o resultado ameno de abril, combinado com as possíveis chuvas de inverno, poderão levar a um prolongamento da safra.
É uma safra açucareira, sem dúvida, e o grande anúncio da Petrobras na semana passada apenas deu mais força a essa visão. Claro, a possibilidade de um aumento nos impostos em julho pode ser otimista para o etanol, pois pode induzir alguma recuperação na sua participação na demanda por combustíveis. No entanto, muito ainda está sob discussão, assim como toda a extensão dos efeitos do anúncio feito recentemente.
Para ser preciso, na última terça-feira (16 de maio), a estatal brasileira de petróleo Petrobras aprovou uma nova política de preços de combustível para gasolina, diesel e GLP. A nova medida foi anunciada em conjunto com o governo e visa reduzir drasticamente os custos do consumidor, e muitos a chamam de fim da paridade internacional de preços (IPP) – mecanismo que garante preços domésticos mais alinhados com os internacionais.
Até agora, o mercado viu como “não tão ruim quanto poderia ser” porque, a partir do pouco compartilhado, o Brasil pretende aumentar a responsabilidade da Petrobras. Segundo o anúncio, a estatal deverá comparar preços por polo consumidor para determinar a melhor fonte de combustível, considerando a minimização dos custos dos consumidores como principal fator.
Portanto, não entendemos que o governo queira ignorar completamente o mercado internacional, pois algumas comparações precisarão ser feitas, mas a solução se torna complexa ao considerar que a empresa não é mais a única importadora! Os preços da gasolina e do diesel na bomba também foram reajustados e, a partir desta semana, devem cair 13%. Por fim, da forma como o cenário está colocado, se não houver mudança na relação de preços entre etanol e gasolina, a medida induzirá o crescimento da demanda por combustíveis (caso o governo consiga reduzir os preços), mas não necessariamente redirecionará o consumo para o etanol. No final das contas, não há incentivo para uma mudança no mix tão cedo.