Possível redução de impostos de carros pelo governo faz produtores de etanol se articularem em busca de diferenciação na tributação

Publicado em 23/05/2023 15:52 e atualizado em 23/05/2023 17:15
Setor quer que os veículos com menores emissões tenham maiores reduções de impostos para a população, além de também serem consideradas as emissões desde a produção e distribuição

Após o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmar nos últimos dias que o governo federal pode retomar as políticas de redução de impostos, para baratear o custo dos carros zero quilômetro no país, os produtores de etanol pedem que a medida adote políticas públicas para uma mobilidade mais sustentável, inclusive com diferenciações na tributação com base nas emissões.

"A política de redução de impostos para a indústria automobilística no segundo ciclo do Rota 2030 [programa criado pelo governo para desenvolver o setor automotivo brasileiro], deve incluir no cálculo o consumo de combustível e as emissões de CO2 dos veículos. A partir deste ano, espera-se que o governo inclua no cômputo a pegada de dióxido de carbono desde a origem da produção dos combustíveis, e que os veículos com menores emissões tenham maiores reduções de impostos", afirma Edmundo Barbosa, presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado da Paraíba (Sindalcool-PB).

Dessa forma, ele pede que "ao invés de considerar só as 'cilindradas' do motor, que a conta inclua também a emissão de CO2 desde a produção e distribuição do combustível, ou energia elétrica, no caso dos modelos eletrificados". "O Brasil deverá assumir a vanguarda como o primeiro país do mundo a colocar em prática uma política pública mais abrangente da eficiência energética dos carros em sintonia com a transição energética. O carro popular poderá custar menos ao consumidor e ganhará em valor, e terá melhor competitividade no mercado internacional", complementa o representante do Sindalcool-PB.

O conceito de carro popular, já adotado pela indústria brasileira anos atrás, está ligado com veículos de aceleração de baixa cilindrada (1.0), que custavam cerca de US$ 7 mil e que tinham o objetivo de beneficiar pessoas da classe D e E no país. Besaliel Botelho, analista da Bright Consulting, uma consultoria especializada para o setor automotivo, não acredita nesse conceito de volta ao Brasil.

"Eu, pessoalmente, não acredito na volta desse conceito porque você dá um pouco mais de mobilidade à população que não tem condições de ter a mobilidade", diz. "Por isso, sou muito mais a favor da mobilidade segura e eficiente. Nós temos que fazer com que o país se desenvolva economicamente com emprego, etc, para as pessoas terem condições de comprar veículos que tenham mobilidade, que tenham eficiência, que tenham segurança e que sejam bons para a mobilidade das pessoas", ressalta.

Já para o engenheiro mecânico Ricardo Abreu, que é consultor da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) para assuntos de mobilidade e conselheiro da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), é imprescindível a descarbonização do setor automotivo aliada à acessibilidade. "Nós estamos precisando de uma mobilidade sustentável, que seja descarbonizando o ambiente, mas que também seja acessível e que promova o desenvolvimento econômico do país. Qualquer solução que se encaixe nesses três parâmetros deve ser considerada de um ponto de vista de um veículo de mobilidade sustentável", diz.

Para isso, ele acredita que precisa haver um esforço mútuo do governo, da indústria automobilística e bioenergética. "Todos os artífices deveriam participar desse esforço. O governo, traçando um programa e gerando incentivos; as indústrias, desenvolvendo e produzindo veículos; a indústria bioenergética, gerando a quantidade de energético para que isso aconteça, seja ele etanol, biodiesel, bioetanol, eletricidade renovável, todos esses energéticos de baixo carbono deveriam ser considerados; e também, os distribuidores de veículos, que vão ter a responsabilidade de trabalhar  com um preço mais baixo, deve apresentar uma margem absoluta mais baixa nessa cadeia de distribuição", ressalta.

Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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