Açúcar e Etanol: porque os preços estão tão altos quanto em 2012?

Publicado em 26/04/2023 12:05
Se os padrões climáticos atingirem os países do sudoeste da Ásia com mais força do que o antecipado, os preços podem ter mais incentivo para subir. Preços maiores do adoçante geram preocupações sociais, pois agregam custo a grande parte dos fabricantes de alimentos, contribuindo para o aumento da inflação global, segundo análises da hEDGEpoint

Com a intensificação do El-Niño na janela AMJ, combinada com um IOD (Dipolo do Oceano Índico) positivo já em junho, aumentam-se as ameaças às safras do Sudoeste Asiático em 23/24, sem contar os efeitos que estes eventos poderão ter na qualidade da cana brasileira, já que podem induzir um aumento na precipitação durante a sua colheita.

Após o relatório final de 22/23 da Conab, que afirmava que a área de cana caiu 0,4%, atingindo o menor nível desde 2011 (8,3M ha), devido à concorrência com grãos no Centro-Oeste, os preços finalmente encontraram o "empurrãozinho" que precisavam para alcançar 25USc/lb.

“Porém, devemos lembrar que já era esperada uma redução de área, portanto, esse movimento diz mais sobre as expectativas do mercado do que sobre os números divulgados”, ressalta Lívea Coda, Analista de Açúcar e Etanol da Hedge Point Global Markets.

“Uma queda de área também pode reduzir a produção de 23/24” muitos podem pensar, e é verdade, mas ao estimar a recuperação de 23/24, já se considera uma pequena redução ou um deslocamento lateral da área de cana, afirma a analista.

Outras razões por trás do suporte de preços permaneceram inalteradas: deterioração das safras do Hemisfério Norte, enfraquecimento do índice do dólar e valorização do real. Mas o principal ponto de atenção que vale a pena monitorar é o clima.

Com a intensificação do El-Niño na janela AMJ, combinada com um IOD (Dipolo do Oceano Índico) positivo já em junho, aumentam-se as ameaças às safras do Sudoeste Asiático em 23/24, sem contar os efeitos que estes eventos poderão ter na qualidade da cana brasileira, já que podem induzir um aumento na precipitação durante a sua colheita.

“Revisamos nossas expectativas para a safra 23/24 (out-set) considerando alguns efeitos climáticos adversos. Claro, é um cenário e qualquer intensificação ou suavização dos eventos climáticos podem levar o mercado a uma alta ainda mais forte ou a uma correção, respectivamente”, diz a analista.

Para o CS 23/24 brasileiro, as chuvas durante o inverno e o final da safra podem prejudicar a qualidade da cana, reduzindo a recuperação da produção e adicionando um limite ao mix de açúcar. Consideramos 595Mt de cana, 138 kg ATR /t e 48% de mix de açúcar, levando a uma produção total de 37,6Mt do adoçante. Enquanto isso, a concorrência com grãos pode empurrar o pico de exportação de açúcar para T4-23/T1-24.

Considerando que a safra atual foi altamente afetada por eventos climáticos, a produção de açúcar na Índia deve permanecer abaixo de 33Mt (estimamos 32,7Mt), mas ainda há riscos de redução. Para a próxima temporada, a rápida intensificação do El Niño pode impedir qualquer recuperação, induzindo um limite à produção de 31,4Mt.

Embora 22/23 seja um ano de recuperação para a Tailândia, monções abaixo da média podem interromper essa tendência. Assim, a safra 23/24 é altamente dependente do regime climático.

Além disso, a mandioca deve conquistar maior participação na área do país, estima-se que a área destinada à cana volte à sua média de 5 anos (-4% A/A), reduzindo ainda mais a sua disponibilidade, de 11,1Mt estimados em 22/23 para 10,6Mt em 23/24.

Diante de todo esse contexto, a hEDGEpoint já prevê um déficit para a atual temporada, já que outros países e regiões, como México, China e Europa também sofreram com o clima. Para o próximo ciclo, 23/24, nosso cenário base leva a uma intensificação do aperto físico -- em linha com a atual estrutura de spread.

Confira aqui a íntegra do relatório.

Fonte: hEDGEpoint Global Markets

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