Açúcar: Safra 2023/24 mal começou e fretes já estão 40% mais caros e vão subir mais, diz Czarnikow
Os reflexos de uma safra de açúcar 2023/24 (abril-março) do Centro-Sul, que deve ser a segunda maior da história, já começam a aparecer no mercado. Enquanto as preocupações do mercado ainda estão focadas no planejamento nos portos, a trading inglesa Czarnikow coloca luz sobre os fretes das origens até os portos.
A nova safra mal começou e já registra valores para o transporte em níveis recordes. Uma rota habitual de transporte do adoçante, Ribeirão Preto até Santos, tem frete neste momento na casa de R$ 180 por tonelada, o que representa uma alta de 40% em relação ao mesmo período do ano passado. E os preços podem subir mais.
"Os fretes de açúcar estão altos e a safra mal começou. A atualização mais recente da moagem mostra 20% das usinas em operação na segunda quinzena de março e uma expectativa de que esse percentual suba para 80% ao final de abril – um nível semelhante a 2020/21, quando a produção de açúcar do CS Brasil ultrapassou 38 milhões de toneladas", destacou a Czarnikow em relatório assinado pela analista Ana Zancaner.
O fluxo de açúcar ganhará força a partir de maio, atingindo um pico em agosto com a produção ultrapassando 6 milhões de toneladas. "Dependendo do ritmo das nomeações dos navios (reflexo da demanda mundial), os fretes rodoviários de São Paulo (especificamente na região de Ribeirão Preto) para Santos podem ultrapassar facilmente R$250/tonelada até setembro", destaca a trading.
O grupo francês Tereos, que opera no Brasil, espera que suas exportações subam 10% nesta temporada, mas já monitora possíveis pressões logísticas ao longo do ano, causadas principalmente pela safra de grãos.
"A gente deve sofrer alguma pressão logística dada a questão dos grãos. A gente tem como alternativa para isso um acordo firmado com um parceiro nosso de transporte e isso nos dá um fôlego com relação a esse gargalo logístico", disse ao Notícias Agrícolas Fabio Barão, superintendente de cluster agroindustrial da Tereos.
Czarnikow destaca ainda que, dentre as consequências da eminente disparada nos preços dos fretes, estão a margem mais encurtada e possível perda de competitividade do adoçante sobre o etanol.
"Como as usinas vendem açúcar bruto contra o contrato No.11 (que é base FOB), para atingir um preço líquido o preço da tela é descontado de frete e elevação. Além disso, um frete de açúcar mais alto pode tornar o etanol mais competitivo... Quanto mais longe do porto, maior o valor do frete. E, coincidentemente, esse diferencial logístico afeta as decisões de mix de açúcar, tornando os estados de fronteira menos açucareiros", explica a trading.
Dentre os fatores que explicam a alta nos preços do frete, estão a inflação, o diesel, a safra recorde de soja que está sendo colhida e os altos preços dos veículos novos.