Sistema Faemg Senar e SIAMIG lançam campanha ‘Movido pelo Agro’
Há 20 anos, em 24 de março de 2003, o Brasil conhecia o primeiro automóvel flex da história do país, uma tecnologia 100% nacional que dava ao consumidor a liberdade para abastecer com etanol, gasolina ou a mistura dos dois combustíveis, considerando custo ou disponibilidade, por exemplo. Para celebrar essa data, que representa uma “virada de chave” da indústria automobilística nacional, em um momento em que crescem as discussões sobre fontes energéticas alterativas de baixa emissão de carbono, o Sistema Faemg Senar e a Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG) firmam uma parceria e lançam a campanha “Movido pelo Agro”.
A proposta é conscientizar sobre as vantagens ambientais do etanol, um combustível limpo e renovável proveniente da cana-de-açúcar, além de valorizar o setor sucroenergético e os produtores rurais, com ações que refletem na geração de emprego e renda e no fortalecimento de toda a cadeia produtiva.
Segundo o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo, um carro movido à gasolina emite 145 gramas de dióxido de carbono equivalente por quilômetro rodado; um automóvel elétrico à bateria, utilizado atualmente na Europa, emite 92 gramas; e um carro movido 100% a etanol emite 58 gramas de CO2eq, quando considerado o ciclo de vida do etanol. Parte das emissões de CO2 do etanol são compensadas pela cana-de-açúcar, que absorve da atmosfera, por meio da fotossíntese, o dióxido de carbono liberado pelo escapamento do automóvel.
“Dá para imaginar a redução dos níveis de poluição do ar nos grandes centros urbanos se todos os carros começarem a abastecer com etanol? Sem falar que este é um recurso só nosso – brasileiro e infinito, uma vez que a cana pode ser replantada todo ano. Já o petróleo, além de ser um combustível fóssil altamente poluente, é um recurso finito”, explica.
Os 20 anos do carro flex-fuel chegam quando as atenções do mundo se voltam para as fontes alternativas de energia de baixa emissão, em que o etanol precisa ter um grande destaque, além da forte tendência global de eletrificação no setor automobilístico. “O conjunto de agentes de mercado que compõem o ambiente do etanol no Brasil está atento a essa tendência e, em um movimento de antecipação, quer fazer da ameaça de mercado uma oportunidade para consolidar o papel socioambiental do biocombustível”, afirma Mário Campos, presidente da SIAMIG.
Atualmente, de cada 100 veículos rodando nas ruas e rodovias do país, 84 são flex e podem ser abastecidos com etanol. No Sistema Faemg Senar, desde 2022, toda a frota é abastecida com esse combustível, o que evitou a emissão de 51,4 toneladas de Gases do Efeito Estufa no período. Para compensar esse mesmo volume de emissões, seria necessário plantar 379 árvores.
Setor sucroenergético
O agronegócio no Brasil é um dos setores mais importantes para a economia e movimenta cerca de US$ 100 bilhões anualmente, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq-USP. “Se considerarmos o agronegócio com a sua atividade mais ampla, desde o produtor rural até a agroindústria, o setor representa quase 30% do PIB nacional”, destaca Mário Campos.
Considerado um dos pilares do agronegócio brasileiro, a produção nacional de cana-de-açúcar transformou o Brasil em campeão mundial no mercado sucroenergético. Nas últimas décadas, a cultura passou por uma revolução tecnológica, com ampliação de práticas sustentáveis, levando em consideração a baixa pegada de carbono e as melhores práticas em toda a cadeia de valor.
A cana é a principal fonte de energia renovável no país, correspondendo a 18% da matriz nacional ou 39% de toda a energia renovável ofertada. Isso posiciona o Brasil acima da média mundial (13,9%) e dos países desenvolvidos da OCDE (10,8%), o que reforça o papel brasileiro na vanguarda do uso de energias limpas e renováveis. É também um dos setores que mais emprega no Brasil e, por isso, está intimamente ligado à sociedade.
Campos ressalta a importância do setor sucroenergético na produção de energia limpa. “Em nossos parques de bioenergia, fabricamos produtos essenciais, que transformam vidas, geram empregos. O mundo está em franca transformação e a transição energética para baixo carbono está na agenda do mundo. O Brasil e Minas Gerais são ricos e têm opções. Precisamos valorizar isso. Minas tem como meta, até 2050, ter a neutralidade climática, um desafio enorme. Nosso setor contribui para isso. Somos sustentáveis, produzimos cana, biocombustíveis e energia limpa”, detalha Mário Campos.
Contribuições
As contribuições do “Movido pelo Agro” estão alinhadas com compromissos ambientais do Sistema Faemg Senar, da SIAMIG e do setor agropecuário, em níveis estadual e federal. A exemplo, há o Plano de Ação Climática de Minas Gerais e o Plano Setorial para Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária, conhecido como Plano ABC+. Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a meta é promover a adaptação à mudança do clima e o controle das emissões de gases de efeito estufa na agropecuária brasileira, com aumento da eficiência e resiliência dos sistemas produtivos e com uma gestão integrada da paisagem rural.
“O Brasil desponta muito à frente dos demais países no que se refere à agropecuária sustentável, considerando-se múltiplas safras com uso de tecnologias e práticas regenerativas do solo e fixadoras de carbono. É preciso que as pessoas saibam que o agronegócio brasileiro é amigo do meio ambiente. Usamos os recursos naturais com responsabilidade, oferecendo, como fruto das nossas atividades, a segurança alimentar mundial. Assim como nossos veículos são movidos pelo agro, nós também somos abastecidos pelos alimentos que saem das mãos dos produtores rurais. Por isso, precisamos de ações que valorizem esses homens e mulheres do campo e gerem ganhos ao meio ambiente”, defende Antônio de Salvo.
“Quando trazemos o sentimento de pertencimento ao agro e as pessoas começam a incentivar o uso dos produtos produzidos pelo setor, como é o caso do etanol, toda a sociedade sai ganhando. Além de fazer as pessoas entenderem que ao utilizarem os produtos estão incentivando todo um segmento ao qual elas pertencem, e cooperando para o seu desenvolvimento. Com isso, movimenta a economia mineira e ajuda o meio ambiente, porque substituirá um combustível fóssil por um biocombustível limpo e renovável. Todos só têm a ganhar, por isso a importância de promover projetos como o Movido pelo Agro”, acrescenta Mário Campos.