Com produção agrícola ameaçada na UE, tratores tomam as ruas de Paris, na França, em protestos
A quarta-feira (08) começou diferente nas ruas da capital francesa Paris. Centenas de tratores tomaram as ruas da cidade como forma de protesto, já que agricultores da União Europeia veem a produção agrícola ameaçada com uma recente restrição de pesticidas e outras regulamentações nas últimas semanas.
Os veículos agrícolas carregavam frases como "Macron está liquidando a agricultura", "Salve seu fazendeiro", "Agricultura francesa = ambientalmente responsável" e outras.
Os produtores de beterraba sacarina da UE tinham autorização para utilizar um inseticida, mas a decisão caiu no mês passado após uma decisão judicial. Agora, a preocupação é de um declínio na área plantada pela cultura, que faz com que o bloco seja um dos maiores produtores de açúcar.
Há, inclusive, temores de fechamento de fábricas de açúcar, segundo a agência de notícias Reuters.
"Nossos meios de produção continuam sendo prejudicados por proibições sem soluções", disse para a agência de notícias Jerome Despey, secretário-geral da FNSEA, principal sindicato agrícola da França, que esperava 500 tratores nas ruas de Paris e 2 mil agricultores. "Isso já é o suficiente".
A União Europeia representa a terceira maior potência mundial de açúcar, apenas atrás do Brasil e da Índia, com a safra 2022/23 prevista em pouco mais de 16 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, em inglês). Os produtores alegam que, caso haja perdas de produção, as importações da UE que hoje são de pouco mais de 2 milhões de t tendem a disparar.
"Nesse ritmo, a agricultura francesa desaparecerá", disse Damien Greffin, presidente da FNSEA para a região de Paris, à France 3, uma televisão regional.
Do outro lado, ambientalistas dizem que os resíduos de pesticidas prejudicam os solos e a vida selvagem e saudaram a decisão da UE contra o uso de sementes de beterraba sacarina tratadas com inseticidas neonicotinóides que podem prejudicar as abelhas.
Os agricultores argumentam que as plantas de beterraba açucareira não atraem abelhas e que a proibição as deixa expostas.
Após protestar pelas ruas francesas, os produtores fizeram parada no Ministério da Agricultura da França. Marc Fesneau, ministro da área, deve apresentar nesta quinta-feira (09) um plano para o setor, de acordo com um comunicado emitido após as manifestações.
O grupo de produtores de beterraba sacarina CGB disse que o governo pode compensar totalmente os produtores pelas perdas de produção este ano, caso haja um ataque severo do vírus amarelo da beterraba. "Não podemos estar satisfeitos, mas por enquanto isso deve permitir que os agricultores plantem e outras soluções sejam encontradas para 2024 e 2025", disse Franck Sander, presidente do CGB.