Perdas do petróleo pesam sobre açúcar em NY e Londres nesta 6ª; São Martinho vê adoçante mais rentável
Os futuros do açúcar fecharam a sessão desta sexta-feira (30) com perdas nas bolsas de Nova York e Londres. O mercado sente pressão do financeiro, com recuo do petróleo, câmbio em parte do dia, e a safra do Brasil no radar.
O vencimento mais negociado do açúcar bruto na Bolsa de Nova York teve queda de 0,51%, cotado a 17,68 cents/lb, com máxima de 17,90 cents/lb e mínima de 17,60 cents/lb. No terminal de Londres, o primeiro contrato perdeu 0,21% no dia, a US$ 528,70 a tonelada.
Na semana, o principal vencimento do adoçante no terminal norte-americano subiu 0,34%.
A desvalorização de mais de 1,50% do petróleo nesta sexta-feira impactou sobre o mercado do adoçante nas bolsas externas. O óleo acompanha os temores com a economia global, mas há alguma sustentação com possíveis cortes da Opep+.
"Há definitivamente algum lucro com os ganhos que vimos no início da semana. US$ 80 é uma espécie de ponto de pivô nos dias de hoje", disse à agência de notícias Reuters John Kilduff, sócio da Again Capital LLC em Nova York.
Nos fundamentos, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) trouxe neste início de semana semana que a produção do adoçante totalizou 2,86 milhões de toneladas na primeira quinzena de setembro, uma alta anual de 12,16%. O volume também ficou acima do esperado.
As usinas do Centro-Sul do país estão procurando usar cana ao máximo possível para produzir açúcar em vez de etanol biocombustível por conta da lucratividade, segundo a Reuters. A São Martinho, por exemplo, estima receitas com vendas de açúcar 30% maiores.
Os operadores também acompanham o clima mais favorável na temporada 2023/24 do Centro-Sul do Brasil, além da safra asiática mais positiva.
Em parte do dia, o câmbio também contribuía para a desvalorização do adoçante. O dólar impacta diretamente nas exportações das commodities e o petróleo influencia nos combustíveis. O etanol é um substitutivo da gasolina e também sente.
Analistas também disseram que o terminal norte-americano oscilou tecnicamente com a proximidade do vencimento do contrato de outubro de 2022.
"As entregas do contrato podem totalizar cerca de 1 milhão de toneladas, significativamente acima de cerca de 222,25 mil toneladas em relação ao contrato de outubro do ano passado, mas bem abaixo do recorde de 2,58 milhões licitados em 2020, disse a Reuters.
MERCADO INTERNO
O mercado do açúcar voltou a cair, em cerca de R$ 125 a saca. Nos últimos dias, a sustentação acompanhava as chuvas verificadas em importantes regiões canavieiras do estado nos últimos dias, que diminuíram o ritmo da moagem.
No último dia de negociação, o Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar, cor Icumsa de 130 a 180, mercado paulista, com queda de 0,91%, negociado a R$ 124,31 a saca de 50 kg.
Já nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, o açúcar ficou cotado a R$ 146,62 a saca - estável, segundo dados da consultoria Datagro. O açúcar VHP, em Santos (SP), tinha no último dia de apuração o preço FOB a US$ 19,58 c/lb e alta de 0,80%.