Açúcar: Decisão de preço na Índia e financeiro impactam em NY e Londres nesta 4ª
As cotações futuras do açúcar encerraram esta quarta-feira (03) com alta nas bolsas de Nova York e Londres. O mercado teve suporte do financeiro em parte do dia, além de acompanhar os reflexos que podem causar o aumento no preço mínimo que as usinas.
O vencimento mais negociado do açúcar bruto na Bolsa de Nova York teve alta de 0,45%, cotado a 17,77 cents/lb, com máxima de 18,03 cents/lb e mínima de 17,50 cents/lb. Em Londres, o primeiro contrato saltou 1,07% no dia, a US$ 527,70 a tonelada.
O mercado do açúcar acompanhou atentamente no dia as oscilações no financeiro, ainda que o petróleo tenha caído forte nesta tarde de quarta-feira, além do dólar que passou a subir sobre o real, o que tende a impactar as exportações das commodities.
O óleo chegou a subir mais de 1% pela manhã nas bolsas externas em meio aos temores com a oferta. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) decidiu hoje que deve elevar a produção em 100 mil barris/dia, bem abaixo do que nos meses anteriores.
Os preços de energia tendem a pesar sobre o açúcar, levando as usinas do Centro-Sul do Brasil, maior produtor global, a aumentar ou reduzir a produção para focar no etanol.
No cenário internacional, a Índia aprovou no dia um aumento no preço mínimo que as usinas de açúcar devem pagar pela cana-de-açúcar na temporada que começa em 1º de outubro no país, para 305 rúpias (3,85 dólares) por 100 kg, de 290 rúpias um ano antes.
Apesar de uma análise inicial apontar para uma possível queda nos preços do adoçante a nível global, já que aumentaria a oferta do produto, a realidade por ser diferente, de acordo com informações do especialista de inteligência de mercado da StoneX, Filipi Cardoso.
"Esse ganho no valor da matéria-prima implica num aumento de custo para as usinas, logo a produção do adoçante fica mais cara e acaba encarecendo o valor final do produto", destaca o analista.
Além disso, "pensando em saldo global, no longo prazo pode pressionar os preços do açúcar pra baixo, já que a Índia pode vir a produzir ainda mais açúcar do que já está estimado (36,5 milhões de toneladas - uma produção maior que a desse ciclo)", pontuou Cardoso.
Os operadores no mercado também acompanham a demanda aquecida pelo adoçante do Brasil, maior produtor e exportador global.
O Brasil exportou 2,88 milhões de toneladas de açúcares e melaços em julho (21 dias úteis), superando em mais de 400 mil t o volume do mesmo período de 2021, ou 22,4% maior, com receita de US$ 1,14 bilhão, 44,6% maior ante julho do ano passado.
Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia.
MERCADO INTERNO
A safra brasileira 2022/23 avança e pressiona as cotações do adoçante. No último dia de negociação, o Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar, cor Icumsa de 130 a 180, mercado paulista, caiu 1,65%, negociado a R$ 129,33 a saca de 50 kg.
Já nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, o açúcar ficou cotado a R$ 153,30 a saca - estável, segundo dados da consultoria Datagro. O açúcar VHP, em Santos (SP), tinha no último dia de apuração o preço FOB a US$ 18,85 c/lb e alta de 0,92%.