Presidente de Honra da Fenasucro & Agrocana 2022 vislumbra futuro bastante promissor para o etanol
Nesta quarta-feira, 8/6, o Presidente do Conselho de Administração da Copersucar, Luis Roberto Pogetti, que neste ano também é Presidente de Honra da FENASUCRO & AGROCANA 2022, participou do Agrobusiness Sumit, evento on-line que fez buscou interligar os temas de produção agrícola, inovação e atenção aos recursos naturais. O encontro, mediado por Paulo Montabone, trouxe uma conversa sobre como a mudança nos hábitos de consumo afetarão o agronegócios e a sustentabilidade.
Em um cenário em que a previsão de crescimento de população mundial é de 1 bilhão de pessoas em pouco mais de 20 anos, a questão alimentar é um desafio preocupante, principalmente em países ainda em desenvolvimento, que apresentam uma taxa de crescimento acelerada e onde o consumo básico de alimentos será fundamental. Uma situação que se expõe também a possíveis impactos do aquecimento global, que, se não for cuidado, poderá gerar, por exemplo, falta de chuva, terras mais áridas e menos produtivas, tornando as condições da produção de alimentos ainda mais apreensivas.
Para Pogetti, a agroindústria tem um papel importante para atender estas duas agendas. Além de suprir a demanda de insumo básico, o setor tem que cuidar do aquecimento global e da biodiversidade. “Por meio de novas tecnologias no plantio, na área agrícola, na construção de novas variedades, na biotecnologia para a cana, temos capacidade de dobrar a produção do setor na mesma área plantada que temos hoje. Isso representa economia de recursos e diminuição da emissão de carbono, resultando em uma produção mais sustentável, alinhada com contexto do aumento da demanda por alimentos e respeitando as regras da sustentabilidade”, comentou o executivo no evento.
Outro ponto comentado na conversa foi sobre a visão equivocada de quem enxerga a sustentabilidade como um custo. “Em um primeiro momento, talvez tenha um viés de custo, mas, no longo prazo, ela representa ganhos em produtividade, com alinhamento de mercado e oportunidade de crescimento da atividade agrícola no Brasil e no mundo. Não é um encarecimento de produção, ao contrário, ao ser muito mais produtivo é possível conseguir um barateamento”, completou.
Ao olhar para o setor agropecuário brasileiro, em especial para o segmento sucroenergético, esta tendência fica mais evidente. Trata-se de uma indústria que tem como característica ser carbono positivo, um diferencial importante na nova era da economia global. O crédito de carbono deve evoluir para um mercado de comercialização mundial, de forma que aquelas indústrias que não consigam anular as suas emissões de carbono, possam compensar comprando créditos verdes daquelas que tem uma produção mais benéfica ao meio ambiente.
Outro aspecto de longo prazo que pode gerar bons retornos ao agronegócio brasileiro, é a tendência do mundo priorizar investimentos onde exista menos emissão de carbono. “Emitir carbono vai custar caro. Já é caro hoje para a sociedade, mas um custo que ainda não está totalmente aberto. Vai ser natural que o capital olhe o mundo e veja as regiões que tem potencial de investimentos com menos emissão de carbono. É aí, que o Brasil, por suas condições naturais, tem uma posição de privilégio nesta agenda de capacidade de produção com menos carbono. Esta é uma excelente oportunidade”, enfatizou Pogetti.
O etanol como agente de uma mobilidade sustentável
O Brasil tem a matriz energética mais limpa do mundo, com 48% proveniente de energia limpa, contra uma média mundial de 14%. Um dos grandes influenciadores deste desempenho é o etanol, que ao ser comparado com demais alternativas, inclusive o carro a bateria, apresenta os menores índices de emissão de carbono. “No futuro carro a bateria otimizado, a intensidade de carbono será igual ao do etanol de hoje. Então, nós já temos um produto pronto e adequado para um país continental como Brasil”, comentou o atual presidente de honra da Fenasucro & Agrocana.
Porém, ele ressalta que não haverá apenas uma solução no mundo inteiro para viabilizar o transporte, mas um portfólio com alternativas que se adequarão às características de cada região. No caso do carro a bateria, é preciso ter disponibilidade de energia elétrica limpa, porque não adianta ter um automóvel movido a energia elétrica de carvão, pois continua sujando o meio ambiente. Existem países, como Brasil e agora a Índia, que faz sentido o carro a etanol. “Para ter uma distribuição de energia elétrica (para carregar o carro à bateria) em um país como o Brasil, estamos falando de investimento da ordem de R$ 1 trilhão. Uma tecnologia que tem a mesma intensidade de carbono que o etanol, e ainda tem sérios desafios pela frente, como o descarte da bateria que é altamente poluidora. O Brasil possui a indústria mais eficiente do mundo no processamento de cana, com a mesma emissão de carbono, com capacidade de distribuição continental de forma eficiente. Então, no Brasil não faz sentido esta troca”, ressaltou Pogetti, que ainda explicou que algumas indústrias automobilísticas já estão convergindo para a agenda de ter uma oferta global que atenda, respeite e preserve as características de cada região.
“O etanol vai ter um pedaço desta agenda, uma participação importante neste menu, neste leque de alternativas. Eu vejo um futuro bastante promissor para o etanol, não só no Brasil, como no mundo inteiro... E o Brasil tem um papel de protagonismo nesta agenda de mobilidade no mundo”.
Na conversa online desta quarta-feira no painel do no Agribusiness Summit, Pogetti ainda falou sobre as inovações do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), mencionando o desenvolvimento de variedades mais produtivas e residentes aos desafios ambientais, levando a biotecnologia para a indústria.Tecnologias que já foram aprovadas na soja e no milho e que agora são usadas para a cana, como o primeiro gene que protege a planta da broca e aquele que é resistente ao glifosato, além do projeto que revoluciona a forma de plantio com uso da semente de cana, que reduzirá custos e transformará a curva de produtividade do canavial. Novidades que devem dar um grande ganho de produtividade para toda a indústria sucroenergética.
O papel do consumidor
Ele comentou ainda que há pesquisas que mostram que, além de estar preocupado, o consumidor tem até disposição de pagar mais por um produto que agrida menos o meio ambiente. “A consciência do consumidor é que vai direcionar a indústria para uma produção mais sustentável”.
Para potencializar este movimento, Pogetti explica que existe um esforço, ainda em formalização, das indústrias se mobilizarem em um grande projeto de comunicação para contribuir com a conscientização da população, dos benefícios e contribuições do etanol para o meio ambiente e para o ar que se respira. “E a indústria, preocupada com isso, tem um trabalho sendo coordenado, um consórcio com participação do setor e da ÚNICA. E acredito que vamos ver frutos deste trabalho”, conta.