CBios renovam recorde e se aproximam dos R$ 110 na B3 e têm sido decisivos para definição do mix

Publicado em 24/05/2022 14:36
Usinas de cana do Centro-Sul do Brasil têm optado pela produção do biocombustível pelo bom momento de rentabilidade, inclusive rolando ou cancelando contratos de açúcar

Os Créditos de Descarbonização (CBios), que equivalem a uma tonelada de emissão de carbono evitada em termos de substituição de combustível fóssil por renovável e que são vendidos por produtores de biocombustíveis pelas regras do RenovaBio, iniciaram esta semana com preço médio de R$ 109,84 na B3, renovando recorde e cada vez mais próximos dos R$ 110.

Na máxima de segunda-feira (23), por exemplo, os créditos atingiram R$ 111 e, na mínima, ficaram em R$ 108.

Essa valorização nos preços dos CBios, de mais de 250% no período de um ano, já tem tido influência na remuneração que o etanol está dando para as usinas em comparação com o açúcar neste início de safra 2022/23. Enquanto que o CBio equivale a menos de US$ 0,05 por libra-peso do açúcar na Bolsa de Nova York, o etanol hidratado equivale pelo menos ao dobro disso.

"O CBio já ultrapassa R$ 100 na B3. Se utilizarmos esse valor como referência, pelo fator de emissão do CBio hoje, em termos líquidos, ele já equivale a algo como R$ 0,10 adicionais para as usinas por litro de etanol comercializado", disse ao Notícias Agrícolas Haroldo Torres, gestor do Pecege, reforçando que o CBio está sendo muito considerado no cálculo das usinas.

Pelas diretrizes do RenovaBio, a geração dos CBios por uma usina cadastrada está atrelada com a venda efetiva de combustível renovável, embora os CBios e os biocombustíveis sejam vendidos separadamente.

O mix da safra 2022/23 de cana-de-açúcar já era esperado para ser mais voltado ao etanol, segundo as principais consultorias de mercado, devido à rentabilidade que oferece sobre o açúcar. A elevação do CBio só deve intensificar essa tendência, afirma Torres. "Tem sido um peso relevante na remuneração que o etanol está oferecendo às usinas em comparação com os ganhos que elas podem ter com a venda do açúcar", diz.

Usinas no Brasil, que estavam historicamente fixadas no açúcar, segundo agências internacionais, já têm até rolado contratos ou mesmo feito o chamado washout, que é o cancelamento das operações a um custo.

A elevação nos preços do etanol, que inclusive voltou a ficar acima da paridade sobre a gasolina na maioria dos estados do Brasil na última semana, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP) mesmo com a safra em andamento, acompanha a alta do petróleo, que está em cerca de US$ 110 o barril, com repasses para a gasolina, além de uma oferta mais tranquila de açúcar por outras origens no mundo, como a Índia.

Negociação de CBios no início de maio

Na primeira quinzena de maio, a quantidade de Créditos de Descarbonização (CBios) negociados foi de 2,7 milhões de títulos, mais de 65% maior ante a quinzena anterior, segundo dados do ItaúBBA. Os preços também saltaram, de R$ 99,38 no final de abril para R$ 102,31 na primeira quinzena de maio. Na média do ano, estão em R$ 90,48.

Depois de na última quinzena de abril a emissão superar o volume negociado, na primeira metade de maio, a emissão de CBios ficou em 1,04 milhão de títulos, sobre 2,39 milhões de todo o mês de maio de 2021. O acumulado no ano chegou a 10,29 milhões, ou 28,6% da meta de 36 milhões de títulos para todo o ano de 2022.

O número de CBios disponíveis no mercado é de 17,9 milhões de títulos, sendo que 79% do total estão nas distribuidoras, 20% nas produtoras e 1% em partes não obrigadas, segundo levantamento reportado pela consultoria. O total de títulos aposentados no ano de 2022 está em 2,7 milhões, além de um estoque inicial na B3 de 10,4 milhões.

Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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