Preços internacionais do açúcar se fortalecem, encontram apoio após eventos do setor

Publicado em 18/05/2022 10:58

No primeiro dia útil após uma semana de eventos do mercado de açúcar em Nova York, o contrato para o primeiro mês de julho (N) Açúcar nº 11 futuro fechou em 19,68 centavos/lb em 16 de maio, alta de 2,66% no dia e marcando um aumento de 5,47% ou 102 pontos semana a semana, sugerindo que após algumas conferências e reuniões os participantes do mercado podem ter mudado suas perspectivas em termos de disponibilidade de açúcar.

Nos eventos de mercado realizados na semana anterior, a produção de açúcar estimada pelas tradings variou de 29 a 32 milhões de toneladas. A falta de consenso foi atribuída principalmente ao mix de açúcar, que é quanto do total de cana a ser colhido será convertido em açúcar ou etanol.

As últimas estimativas da S&P Global Commodity Insights projetaram a produção de açúcar do Centro-Sul do Brasil para a safra 2022-23 em 32 milhões de toneladas, praticamente inalterada em relação aos 32,1 milhões de toneladas da safra anterior, mas já 1 milhão de toneladas abaixo da previsão inicial.

Considerando a faixa de disponibilidade de açúcar do CS Brasil, que pode variar em cerca de três milhões de toneladas, o balanço global de açúcar de outubro a setembro pode passar de um superávit estimado entre 1,1 milhão de toneladas para 3,1 milhões de toneladas para um déficit mais equilibrado ou até pequeno. 

Na atual produção de açúcar CS estimada pela S&P Global, a oferta e demanda global para a safra 2021-2022 seria de 3,1 milhões de toneladas, marcando um ciclo superavitário após um déficit de 1,55 milhão de toneladas na safra global 2020-2021.

Embora o forte movimento de preços observado no contrato futuro de açúcar NY11 sugerisse que os traders podem estar considerando a baixa faixa de produção de açúcar, os prêmios à vista brasileiros permaneceram inalterados em 16 de maio. 

O açúcar VHP da Platts Brasil Centro-Sul para embarque em junho foi avaliado com um prêmio de 6 pontos em relação aos Futuros de Açúcar Nº 11 de julho em 11 de maio, inalterado no dia.  

Safra brasileira

Os produtores brasileiros de cana-de-açúcar iniciaram oficialmente a safra 2022-2023 em 1º de abril, porém o ritmo de colheita da cana-de-açúcar foi menor do que o normal no primeiro mês completo de moagem.

A associação do setor UNICA mostrou em seu último relatório de resultados da safra que, até o final de abril, estavam moendo 180 unidades, abaixo das 207 registradas no mesmo período do ano anterior. O início lento tem sido atribuído às condições climáticas observadas desde meados de 2021, com um volume reduzido de chuvas nas principais regiões produtoras incentivando os produtores a atrasar a safra. 

Segundo a UNICA, foram moídas 29 milhões de toneladas de cana em abril, queda de 35,8% no ano, que foram convertidas em 1,06 milhão de toneladas de açúcar, queda de 50,60% no ano, e em 1,49 bilhão de litros de etanol, queda de 26,85% no ano. 

Apesar dos altos preços internacionais do açúcar e da forte desvalorização do real frente ao dólar, os produtores brasileiros têm favorecido a produção de etanol, e o mix de açúcar até agora caiu de 42,67% no primeiro mês da safra 2021/22 para 35,42 % no mesmo período da safra 2022-23. 

A decisão de produção tem sido principalmente impulsionada por aspectos econômicos. Além da já conhecida liquidez rápida concedida por meio das vendas domésticas de etanol hidratado, o alto preço internacional do combustível, aliado à desvalorização do real brasileiro, também tem sustentado o preço do E100.

A Platts avaliou o etanol hidratado convertido em açúcar bruto em 19,86 centavos/lb em 16 de maio, alta de 3,82% na semana e prêmio de 18 pontos sobre o contrato futuro de açúcar de julho em 16 de maio. 

A alta de preços observada no crédito brasileiro de descarbonização, CBIO, também vem apoiando as vendas de etanol para o mercado interno, pois os produtores certificados pelo programa RenovaBio podem gerar um CBIO por litro, que varia de acordo com a taxa atribuída ao ciclo de produção. Quanto menos emissões de Co2 durante a produção do biocombustível, mais CBIOs por litro vendido serão concedidos. 

De acordo com a bolsa brasileira B3, o preço do CBIO subiu para Real 102/CBIO em 13 de maio de Real 30/CBIO um ano antes, mostrando um aumento de 240% no ano. 

Embora a demanda brasileira por combustíveis leves tenha muitas bandeiras vermelhas atribuídas à alta inflação doméstica e à taxa de desemprego, seu crescimento ainda deve variar de 0,92 a 2%, um sinal positivo para os produtores brasileiros que ainda podem transferir mais cana para o etanol.

Fonte: S&P Global Commodity Insights

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