Czarnikow não vê risco de redução da mistura de 27% do etanol anidro na gasolina para 21/22
Em meio uma quebra acentuada na safra 2021/22 de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil, com impactos na produção de açúcar e etanol, o país pode chegar no mês de março de 2022 com os menores estoques de passagem em uma década, segundo a trading inglesa Czarnikow.
Esse cenário já coloca nas discussões uma possível redução da mistura do etanol anidro na gasolina, que atualmente é de 27%, e tem sido o foco nesta safra. A trading, porém, não vê isso possível para a temporada atual, mas já deixa em aberto para o próximo ciclo produtivo.
"Com as projeções atuais para os próximos meses tanto para a demanda total do combustível quanto para a participação do hidratado, acreditamos que, apesar dos estoques apertados ao final de março, será suficiente para atingir o que é exigido pela ANP - mas no limite", aponta.
A Czarnikow revisou recentemente suas estimativas para a safra 2021/22 do Centro-Sul do Brasil. A moagem de cana passou a ser vista em 520,4 milhões de toneladas, sobre 605,5 milhões de t na safra anterior. “O resultado é um estoque de passagem restrito, que sustentará os preços altos”, ressalta.
A produção de açúcar é apontada em 32,5 milhões de t, sobre 34,1 milhões de t da estimativa anterior, e a total de etanol em 26,9 bilhões de litros, sendo 10,1 bilhões de l do tipo anidro e 16,8 bilhões de l de etanol hidratado, o que pode ser comprado diretamente nas bombas.
Segundo a trading, esse volume de etanol em 2021/22 será o menor em três anos. "Isso [26,9 bi de l] representa uma redução de quase 850 milhões de litros em relação às expectativas anteriores", destaca a trading.
DEMANDA
A demanda por combustíveis no Brasil ainda caminha para retomar os níveis de antes da pandemia da Covid-19. No acumulado de janeiro a junho (os dados de julho ainda não foram divulgados), o consumo no ciclo Otto cresceu 6% no comparativo anual, mas a demanda por etanol continua abaixo de 2019.
"Embora a pandemia não tenha acabado, as pessoas estão lentamente voltando à normalidade", destaca a trading. "No acumulado do ano, as vendas de hidratado relatadas estão 1,5 bilhão de litros abaixo de 2019", complementa a Czarnikow.