Efeito das geadas nos canaviais pode levar alguns dias para aparecer
Áreas produtoras de cana-de-açúcar, sobretudo em baixadas dos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul receberam geadas no início desta semana. Porém, os canavicultores e as usinas do país ainda monitoram a situação, já que as possíveis perdas com o frio podem levar alguns dias para aparecer.
"Ainda precisamos medir a dimensão do impacto – são necessários alguns dias para a planta secar e ficar visível o seu efeito. No entanto, já foi levantado com alguns fazendeiros que a geada intensa nos canaviais novos poderá vir a matar a planta e assim deve reiniciar seu processo de rebrotamento", destaca em relatório a trading Czarnikow.
No caso de danos em plantas mais novas, poderá haver um atraso no desenvolvimento. Já nas plantações com palhada, não se esperam impactos significativos. "Vamos continuar atentos em como os canaviais vão reagir e qual será o impacto no seu TCH [toneladas de colmos por hectare] e ATR [açúcar total recuperável]", disse a trading inglesa.
Depois de estiagem prolongada, a condição de geada em áreas de cana-de-açúcar nos últimos dias foi confirmada pelo site Notícias Agrícolas em usinas e sindicatos rurais das regiões paulistas de Ribeirão Preto, Pradópolis e Bernardino de Campos, porém ainda sem dados sobre as perdas diante do frio que ameaçou também outras culturas como o milho, café e algodão.
Segundo Denis Arroyo Alves, diretor executivo da Organização das Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), as mínimas negativas e geadas aconteceram em áreas de cana onde habitualmente não era registradas, como em pontos do estado de Goiás. No entanto, a situação ainda é monitorada.
“A geada chama atenção porque fica mais visível na palha. Porém, a preocupação maior neste momento é com as canas mais jovens, elas sim podem ter algum impacto e até necessidade de replantio. Mas para isso precisamos esperar em torno de 10 dias. Já nas que estão prontas para colheita pode haver até algum benefício com maturação”, pontua Alves.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a safra 2021/22 de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil em 574,80 milhões de toneladas, com uma queda de 4,6% ante 2020/21. Desse total, São Paulo corresponde a mais de 325 milhões de t, Mato Grosso do Sul cerca de 48 milhões de t e o Paraná aproximadamente 35 milhões de t.
Apesar disso, estimativas de produtores e consultorias apontam perdas que podem ser bem maiores nesta nova temporada. “A gente já vem de um ano de 2020 seco, chegamos em um verão desse ano também complicado e agora, com a safra iniciada, já com uma quebra esperada de até 15% e pega efeito de geada”, ressalta o executivo da Orplana.
A Somar Meteorologia considera o frio desta semana o pior dos últimos cinco anos. “Antes dessa geada de 2021, tivemos também em 2019 e em 2016. Por exemplo, se a gente olha Pradópolis (SP), onde fica a maior usina produtora do país, a temperatura essa semana chegou a zero e em 2016 nós tivemos no início de julho -1ºC. A temperatura perto de zero já aumenta o risco da morte da cana”, explica Celso Oliveira, meteorologista da Somar.
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O risco de geadas em áreas produtoras do Centro-Sul do Brasil deve diminuir nos próximos dias, segundo mostram mapas abaixo do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE), com condição ainda favorável em pontos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul amanhã (05), mas diminuição da ocorrência até segunda (05).
Veja como a geada pode afetar as lavouras de cana-de-açúcar:
Fonte: Czarnikow