Produção de açúcar do centro-sul sobe 55% na 1ª quinzena do mês; etanol cai 2,3%
A produção de açúcar do centro-sul do Brasil atingiu 3,02 milhões de toneladas na primeira quinzena de julho, aumento de 55,6% na comparação como mesmo período do ano passado, mas ainda abaixo do recorde quinzenal visto na safra 2017/18, informou a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) nesta sexta-feira.
O salto na fabricação do adoçante acontece com o setor direcionando mais cana para a produção da commodity, que está mais rentável que o etanol na safra 2020/21, e sendo beneficiado pelo tempo seco favorável à moagem de cana, informou a associação.
A moagem de cana do centro-sul totalizou 46,5 milhões de toneladas na primeira quinzena de julho, alta de 13,5% ante a mesma quinzena da safra 2019/20, de acordo com os dados da Unica.
O total de cana processada na quinzena ficou ligeiramente acima do projetado por uma pesquisa da S&P Global Platts (45,8 milhões de toneladas), enquanto a produção de açúcar ficou levemente abaixo da estimativa média dos analistas (3,087 milhões de toneladas).
Após fecharem vendas antecipadas de açúcar a bons preços e com a queda no mercado de etanol, as usinas do centro-sul direcionaram 47,94% da cana para produção de açúcar na primeira metade de julho, ante 35,99% em mesmo período da safra 2019/20.
No acumulado desde o início da safra até 16 de julho de 2020, a moagem alcançou 275,95 milhões de toneladas, aumento de 6,52% na comparação anual, ao passo que a fabricação de açúcar atingiu 16,3 milhões de toneladas, alta de quase 50%.
"As condições climáticas observadas desde abril possibilitaram um avanço de 3,5% na área colhida neste ano. O clima mais seco favoreceu a operacionalização da colheita nessa última quinzena, permitindo um recorde de moagem quinzenal nessa safra", disse em nota Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica.
Questionado, ele afirmou que a produção de açúcar e a moagem não foram recordes históricos, citando resultado quinzenal melhor na temporada 2017/18, sem detalhar.
Conforme reportagem da Reuters naquela temporada, a Unica registrou uma produção de açúcar recorde na segunda quinzena de julho (3,4 milhões de toneladas), enquanto o processamento atingiu 50,74 milhões de toneladas no mesmo período.
Com um processamento acelerado em função do tempo mais seco, o diretor acredita que, até o final do mês, "deveremos atingir mais de 50% da produção prevista para a safra 2020/21".
Além do tempo favorável para a moagem, a produtividade agrícola teve crescimento de 1,6% ante a safra passada, para 85,9 toneladas de cana-de-açúcar por hectare, segundo dados do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) citados pela Unica.
A seca, que segundo alguns analistas preocupa para a produtividade da próxima safra, tem ajudado no ciclo atual a concentração de sacarose. No acumulado desde o início da temporada, a concentração de ATR por tonelada de matéria-prima colhida atingiu 132,91 kg, contra 126,35 kg em 2019/20.
Em relação ao número de usinas em operação, 261 empresas registraram produção até dia 16 de julho de 2020, ante 257 unidades industriais em igual data do último ano, segundo a Unica.
ETANOL EM QUEDA
Já produção de etanol no centro-sul somou 2,1 bilhões de litros na 1ª quinzena de julho, queda de 2,3% na comparação anual, segundo a Unica, enquanto a fabricação do combustível no acumulado da safra somou 12,12 bilhões de litros na safra (-5,88%), como reflexo da menor demanda em meio à pandemia de coronavírus, que impactou o consumo de combustíveis.
A fabricação de etanol hidratado, usado pelos veículos flex, caiu 3,35% na safra, a 8,6 bilhões de litros, enquanto o etanol anidro, misturado à gasolina, recuou 11,60%, para 3,5 bilhões de litros.
O volume de etanol comercializado pelas unidades produtoras nos primeiros quinze dias de julho deste ano somou 1,19 bilhão de litros, com retração de 14,17% no comparativo com igual período de 2019. Desse total, 80,99 milhões de litros foram destinados para o mercado externo.
As vendas de etanol hidratado no mercado interno alcançaram 741,39 milhões de litros na primeira metade de julho, com redução de 19,23%.
(Por Roberto Samora em São Paulo e Marcelo Teixeira em Nova York)