Açúcar: média mensal foi de R$ 74,79/saca de 50 kg, 3,36% inferior à de abril, mas 8,23% acima da média de maio/19
O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) acumulou alta de 1,12% em maio, fechando a R$ 76,79/saca de 50 kg no dia 29. A média mensal foi de R$ 74,79/saca de 50 kg, 3,36% inferior à de abril (R$ 77,38/saca de 50 kg), mas 8,23% acima da média de maio/19 (R$ 69,10/saca de 50 kg), em termos nominais.
Em maio, praticamente todas as usinas paulistas já haviam iniciado a produção da safra 2020/21. Conforme o avanço da colheita, as usinas seguiram produzindo quantidade maior de açúcar frente à temporada passada. Cálculos do Cepea mostraram que as exportações do cristal voltaram a remunerar mais que as negociações no mercado spot do estado de São Paulo. Esse cenário não era visto desde a segunda semana de fevereiro de 2020 e foi sustentado especialmente pelo dólar elevado. A partir da segunda quinzena de maio, as usinas adotaram postura mais firme, com a paridade ainda mostrando vantagem frente às vendas internas. Houve um aumento na liquidez, resultado da demanda um pouco mais aquecida. Na última semana do mês, as exportações elevadas e chuvas em algumas áreas de colheita da cana, que interromperam pontualmente a produção, limitaram a oferta no mercado paulista.
Conforme o relatório de andamento da safra 2020/21, divulgado pela Unica (União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo), de abril até a primeira quinzena de maio, as usinas do estado de São Paulo haviam produzido 3,827 milhões de toneladas de açúcar, 87,47% a mais do que em igual período da safra passada.
Em entressafra, o mercado nordestino de açúcar continuou com as negociações em ritmo lento, mas os preços mantiveram-se estáveis. A demanda esteve retraída, com alguns compradores adquirindo o adoçante do Centro-Sul do País. Segundo agentes do mercado, a oferta de açúcar está concentrada em poucas unidades produtoras, sendo que algumas estão priorizando as exportações – o alto valor do dólar favoreceu os embarques do adoçante.
De acordo com o último levantamento da Conab, o início da moagem da nova safra em Alagoas está previsto para a partir de agosto, mas as unidades de produção estão planejando suas estratégias considerando as oscilações de mercado e os possíveis impactos econômicos causados pela pandemia do novo coronavírus. Em Pernambuco, a previsão para o início de safra, segundo a Conab, é para setembro, e na Paraíba, a partir de julho. A safra 2019/20 foi finalizada em Alagoas no começo de maio, e, de acordo com os dados consolidados do Sindaçúcar-AL, a produção de açúcar (cristal e VHP) somou 1.331.281 toneladas, aumento de 10,85% em relação à temporada anterior.
Em maio, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ em Pernambuco foi de R$ 83,76/sc de 50 kg, avanços de 0,71% frente a abril/2020 e de 10,91% em relação a maio/2019, em termos nominais. Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 83,75/sc, queda de 0,26% em relação a abril/2020, mas aumento de 15,06% frente a maio/2019, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 82,31/sc, baixa de 0,82% em relação a abril/2020.
No mercado internacional, as cotações do açúcar demerara na Bolsa de Nova York (ICE Futures) na primeira quinzena de maio foram sustentadas pela ascensão dos preços do barril de petróleo e pela forte apreciação do dólar frente ao Real. Já no final do mês, os preços do açúcar demerara na Bolsa de Nova York acompanharam as movimentações do petróleo. Com o aumento das tensões entre EUA e China, o preço do petróleo caiu para US$ 33,00/barril, desvalorização de aproximadamente 8% no dia 27. Neste mesmo dia, o contrato Julho/20 recuou 2,26%.
Ainda no mercado externo, a China não renovou as medidas de salvaguarda e reduziu a tarifa para a entrada de açúcar, o que favorece a entrada do açúcar brasileiro no país. Vale lembrar que, desde 2017, a China vinha adotando uma política de salvaguarda para a entrada de açúcar estrangeiro, no intuito de proteger a indústria local. Entre maio de 2019 e maio de 2020, a tarifa sobre o açúcar brasileiro foi de 85%. Antes da salvaguarda, a China era o principal país importador do açúcar brasileiro, cujos volumes ultrapassavam 2,5 milhões de toneladas.
No Brasil, de maneira geral, o comércio e a produção seguem prejudicados pelos efeitos da pandemia de coronavírus. Isso pode manter a demanda por etanol restrita, favorecendo a produção de açúcar. Além disso, o Real enfraquecido frente ao dólar incentiva as exportações brasileiras do adoçante. Segundo a agência Williams Brazil, do início do ano até 27 de maio, o volume do açúcar brasileiro enviado ao mercado internacional quase quintuplicou frente ao do mesmo período do ano passado. Em 2020, segundo a Williams, foram embarcadas 3,58 milhões de toneladas de açúcar, contra 667,758 mil toneladas nos primeiros cinco meses de 2019.
Cálculos do Cepea indicaram que as vendas externas de açúcar remuneraram, em média, 5,97% a mais do que as externas em maio. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Julho/20 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 64,59/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 37,80/tonelada.