Açúcar bruto recua na ICE após tocar máxima de 14 meses; café avança

Publicado em 07/01/2020 18:45

LONDRES (Reuters) - Os contratos futuros do açúcar bruto negociados na ICE atingiram uma máxima de 14 meses nesta terça-feira, mas devolveram ganhos e encerraram a sessão em queda, pressionados pelo recuo nos valores do petróleo.

AÇÚCAR

* O contrato março do café arábica fechou em queda de 0,14 centavo de dólar, a 13,59 centavos de dólar por libra-peso, após atingir uma máxima de 13,79 centavos --mais alto valor desde 29 de outubro de 2018.

* Operadores afirmaram que a recente alta foi em parte alimentada pelo avanço nos preços do petróleo e pelo enfraquecimento do real verificado desde o início de 2020.

* Nesta quinta-feira, as cotações do petróleo devolveram parte dos ganhos dos últimos dias, com investidores reconsiderando a possibilidade de interrupções imediatas de oferta no Oriente Médio.

* "No que diz respeito ao açúcar, por enquanto vemos poucas novidades para justificar a sustentação de um rali", disse Nick Penney, operador sênior da Sucden Financial, acrescentando que um teste no nível de 14 centavos é possível se produtores segurarem vendas.

* O açúcar branco para março recuou 1,60 dólar, para 362,80 dólares por tonelada.

CAFÉ

* O contrato março do café arábica fechou em alta de 0,25 centavo de dólar, a 1,2240 dólar por libra-peso.

* Mesmo com a alta, operadores disseram que o panorama técnico aparenta ser baixista no curto prazo. O vencimento recuou após ter atingido máxima de dois anos em 17 de dezembro, a 1,4245 dólar.

* O café robusta para março avançou 12 dólares, para 1.364 dólares por tonelada.

* Operadores disseram que os embarques do Vietnã, maior produtor global de robusta, estão começando a crescer após atrasos na colheita, embora o progresso permaneça aquém do ritmo verificado na temporada anterior.

Preço do etanol no Brasil tem chance de subir com tensão no Oriente Médio (Agencia Estado)

São Paulo e Brasília, 7 - A tensão no Oriente Médio após a morte do general iraniano Qassim Suleimani e a consequente alta do petróleo e da gasolina podem fazer com que os preços do etanol no Brasil também aumentem, de acordo com especialistas ouvidos pelo Broadcast Agro.

Como o País está na entressafra de cana-de-açúcar e praticamente toda a produção do País já foi processada, um aumento na demanda pelo biocombustível pode causar alta dos preços na bomba. Já não é mais possível, por exemplo, transformar em etanol parte da cana que estava destinada à fabricação de açúcar.

O cenário pode fazer, também, com que o Brasil aumenta as importações do biocombustível. O mercado aguarda para que se tenha uma ideia de quanto tempo durará a alta dos preços do petróleo e qual será a intensidade do avanço.

Na última reunião de acompanhamento de estoques, em dezembro, governo federal, produtores e distribuidoras avaliaram que o volume disponível do etanol seria suficiente para o consumo durante a entressafra no Centro-Sul do Brasil, que vai até abril. Qualquer aumento pontual de demanda poderia ser suprido pela importação do biocombustível dos Estados Unidos e pela alta nos preços, com a consequente migração do consumo para a gasolina.

A reunião, no entanto, ocorreu antes de eventuais altas nos preços da gasolina, com o avanço do petróleo após a crise entre Estados Unidos e Irã. Há uma preocupação no governo de que a demanda pelo etanol siga firme, pois o biocombustível permaneceria vantajoso nos postos, após o avanço dos preços da gasolina.

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (6) que a tendência é que preços de combustíveis se estabilizem.

Arnaldo Correa, da Archer Consulting, disse ao Broadcast Agro que é preciso saber quanto tempo vai durar o avanço do petróleo para estimar o efeito no etanol. "Pode ser de curta duração. Já vimos situações parecidas que acabaram se resolvendo de maneira mais rápida do que se imaginava".

O diretor Técnico da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, vê possível avanço do biocombustível caso não haja interferência nos preços da gasolina. "Estamos em período de entressafra da cana-de-açúcar, então não é possível aumentar mais a oferta. Se houver incremento na demanda, haverá estresse de preço. Não tem jeito", disse.

Padua afirmou, ainda, que as únicas formas de se tentar incrementar a oferta de etanol seriam a importação do biocombustível, a transferência de etanol anidro para hidratado ou o aumento de produção de etanol de milho no País - para essa última opção, porém, analistas afirmam que pode não haver tanta margem para maior produção no curto prazo.

De acordo com o mais recente relatório de acompanhamento de safra do Ministério da Agricultura, os estoques físicos de etanol (anidro e hidratado) no País até 15 de dezembro estavam em 9,73 bilhões de litros, leve alta de 0,38% ante os 9,70 bilhões de litros do mesmo período de 2018. Mesmo assim, o consumo do biocombustível no País está em níveis altos - o que sustenta o aumento do estoque é, principalmente, o avanço da produção, que subiu 6,77% no Centro-Sul no acumulado da safra 2019/20 até 16 de dezembro, de acordo com a Unica.

Nesta terça-feira, 7, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) publicará o preço de combustíveis no período entre 29 de dezembro e 4 de janeiro, quando ficará mais clara a competitividade do etanol com a gasolina. O levantamento vai considerar o início do efeito Suleimani, já que o general foi morto na noite da quinta-feira, 2 de janeiro.

Em dezembro de 2019 - antes da escalada de tensões no Oriente Médio -, o gasto com importação de etanol pelo Brasil já havia avançado ante o mesmo período do ano anterior, de US$ 72,65 milhões para US$ 77,82 milhões. Em volume, o avanço foi de 5,93%. No acumulado do ano, entretanto, o valor do biocombustível importado recuou 18,95% ante 2018, para US$ 602,42 milhões. O volume importado no ano caiu 17,68% na mesma comparação.

Para Correa, da Archer, "pode haver uma janela" para aumento ainda maior das importações. "Não significa que vai acontecer, mas se houver esse cenário de estoques muito apertados e o consumo não refrear, acho que não terá outra solução", afirmou.

O avanço nos preços do etanol pode contribuir para a maior inflação geral do País. O Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), já registrou avanço nos preços do biocombustível de 3,61% para 4,71% nas últimas duas quadrissemanas de dezembro de 2019.

Fonte: Reuters/Agencia Estado

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