Aumento da produtividade agrícola é neutralizada pela queda na quantidade de açúcares totais
A região Centro-Sul processou 42,54 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na primeira metade de agosto, contra 33,69 milhões de toneladas registradas na mesma quinzena de 2018.
No acumulado da safra 2019/2020 até 16 de agosto, a moagem somou 350,31 milhões de toneladas, relativamente igual às 350,22 milhões de toneladas processadas no mesmo período do último ano. Mas para o Estado de São Paulo, a defasagem permanece. Foram 204,31 milhões de toneladas moídas pelas unidades paulistas até 16 agosto, queda de 2,50% sobre o ciclo 2018/2019.
Produção de açúcar e de etanol
Nos 15 primeiros dias de agosto, a produção de etanol alcançou 2,39 bilhões de litros, alta de 20,63% quando comparado ao mesmo período de 2018. Deste volume, 1,66 bilhão de litros refere-se ao etanol hidratado e o restante, 730,43 milhões de litros, ao etanol anidro. Quanto ao açúcar, a quantidade fabricada atingiu 2,13 milhões de toneladas.
O diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA) destaca que “este é um novo recorde da produção de hidratado para uma primeira quinzena de agosto, superando, inclusive, volumes produzidos no pico de safras passadas”.
Esse recorde reflete em uma baixa proporção de matéria-prima direcionada à fabricação de açúcar. Nessa metade inicial do mês, as unidades destinaram apenas 35,87% da cana-de-açúcar para sua produção. No acumulado da safra 2019/2020, o percentual atingiu 35,38%.
Desde o início do atual ciclo até a primeira quinzena de agosto, a produção acumulada de etanol somou 17,87 bilhões de litros, sendo 5,52 bilhões de litros de etanol anidro e 12,35 bilhões de litros de etanol hidratado. No caso do açúcar, a quantidade fabricada alcançou 15,45 milhões de toneladas, 6,34% abaixo do valor observado em igual período de 2018.
“Com cerca de 60% da safra concluída, não observamos uma intensificação na fabricação de açúcar”, comentou o executivo. “Até o momento, a retração atinge 1,05 milhão de toneladas e indica que novamente o Brasil reduzirá a oferta de açúcar destinada para exportação, mas sem comprometer seu fornecimento ao mercado doméstico”, concluiu Rodrigues.
Em termos de kg de açúcar fabricados por tonelada de matéria-prima processada, esse índice totalizou 44,13 kg por tonelada até 16 de agosto, uma retração importante sobre os 47,13 kg apurados até a mesma data de 2018.
Vale lembrar que os resultados acima para o etanol incorporam também a fabricação do renovável a partir do milho. Esta totalizou 31,13 milhões de litros de etanol hidratado e 12,61 milhões de litros de etanol anidro na primeira quinzena de agosto. Na atual safra, a produção acumulada alcançou 430,34 milhões de litros (276,72 milhões de litros de etanol hidratado e 153,62 milhões de litros de etanol anidro).
Qualidade da matéria-prima e produtividade agrícola
A quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) na região Centro-Sul diminuiu de 136,23 kg por tonelada em 2018 para 130,89 kg no acumulado do ciclo 2019/2020.
Considerando apenas a primeira quinzena de agosto, o indicador atingiu 146,23 kg por tonelada, redução de 5,87 kg sobre o último ano.
Em relação à produtividade agrícola, dados apurados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) apontam que o rendimento médio da área colhida de abril a julho totalizou 83,22 toneladas de cana-de-açúcar por hectare, aumento de 2,90% em relação ao valor apurado no mesmo período de 2018.
“Apesar desse crescimento na produtividade agrícola acumulada, a retração na qualidade da matéria-prima impacta bastante a quantidade total de ATR disponível para conversão em açúcar e etanol”, explica o diretor da UNICA. Até 16 de agosto, esse indicador somou 45,85 milhões de toneladas, quase 2 milhões de toneladas abaixo do valor registrado em 2018 (47,71 milhões de toneladas), ou seja, uma retração de 3,90%.
“Precisaríamos ter 13,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar adicional para compensar essa queda de ATR observada até o momento”, destacou Rodrigues.
Vendas de etanol
As usinas e destilarias do Centro-Sul comercializaram 1,45 bilhão de litros nos primeiros 15 dias de agosto, sendo 93% deste valor (1,34 bilhão de litros) voltados ao mercado doméstico e o restante (107,37 milhões de litros) à exportação.
No mercado interno, as vendas de etanol anidro ao mercado interno somaram 393,87 milhões de litros.
No caso do etanol hidratado, estas alcançaram 949,38 milhões de litros. Este resultado é inferior aos 1,04 bilhão de litros registrados na quinzena anterior, a última de julho. Trata-se de uma queda de 8,45%, mas na contabilidade do volume comercializado por dia útil, não houve mudanças. Esse totalizou 86,31 milhões de litros (por dia útil) no início de agosto, praticamente igual aos 86,42 milhões de litros apurados na metade final de julho.