Em cenário ruim para o etanol e o açúcar, o biocombustível ainda trará mais renda para as usinas

Publicado em 28/12/2018 11:18

Por mais que os agentes do setor sucroalcooleiro acentuem uma nova safra repetindo a maior destinação da cana para o biocombustível, como está sendo nesta, há muita inquietação quanto ao volume inicial. As empresas, mesmo as mais etanoleiras, entre as quais as que costumam antecipar a moagem para março, necessitam de um planejamento mínimo, coisa que os preços da gasolina e do açúcar não estão permitindo facilmente.

Cenário descrito como “tempestade terrível” por Martinho Ono, CEO da SCA Trading, mostra o barril do petróleo Brent perdendo suporte, sem alcançar o patamar “aceitável” de US$ 55, quando conseguiria tirar um pouco da competitividade da gasolina. E também o Harbor RBOB, referência da gasolina no mercado internacional, num piso mínimo de US$ 1,30 o galão.

A outra frente dessa tempestade sobre o açúcar mostra fragilidade absoluta para sair da beira dos 12 c/lp na ICE Futures (Nova York). Nem se fala mais em escalar um teto algo próximo dos 13 c/lp.

Cálculo do mix

Como calcular a “chave” do mix das usinas?

Mas Ono, cuja empresa é especializada em negociar etanol no mercado, ainda acredita que o renovável de cana leva vantagem apesar das dificuldades de planejamento . “Se o etanol e o açúcar estivessem em bom momento, seria mais até difícil”, diz o ex-executivo de distribuidoras de combustíveis.

Numa situação de baixa, a opção acaba sendo o etanol, “pois vai ter mais liquidez no mercado interno”.

Isto porque continuando o açúcar sem liquidez – “o volume hedgeado nesta safra é muito menor que na passada, por exemplo” -,  pelos altos excedentes globais, na casa prevista das 9  milhões de toneladas, o etanol seria uma melhor opção ainda que perca parte da vantagem que teve sobre a gasolina no segundo semestre deste ano. Chegou a uma paridade de 60 a 62% nos preços.

Avalia-se em paralelo que o petróleo possa ganhar mais fôlego, quando de fato a Opep começar para valer a cortar a produção em 1,2 milhão de barris/dia, a partir de janeiro, impulso até agora ignorado pelo mercado desde que os países produtores fizeram o anúncio no início de dezembro. Também há expectativa do reforço nos preços quando ficar mais claro que a economia mundial não está em processo da desaceleração acentuada, especialmente via Estados Unidos e China.

Além do Brent, portanto, podendo subir, o CEO da SCA Trading acredita que o Harbor RBOB irá junto para US$ 1,60, o que “seria bastante competitivo para o etanol”.

Balanço

Até a primeira metade de dezembro, o Brasil produziu perto de 30 bilhões/litros, 19% superior a janeiro a dezembro de 2017, sendo que o açúcar caiu mais de 26%, segundo a Unica, que reúne as empresas do Centro-Sul. A entidade estima algo parecido para 19/20, como parecido também seria a produção de 570 milhões/toneladas de cana.  Várias outras análises do mercado falam em 550 milhões/toneladas.

Mais 10 milhões de toneladas deverão ser moídas na entressafa, de acordo também com o balanço da entidade, tanto pelo atraso que algumas unidades tiveram com as chuvas desde outubro quanto por algumas regiões que colhem o ano inteiro, como Mato Grosso do Sul.

Por: Giovanni Lorenzon
Fonte: Notícias Agrícolas

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