Cana mantém perspectiva de queda de produção na safra 2019/20, aponta a INTL FCStone
A safra 2019/20 de cana-de-açúcar no Centro-Sul inicia pressionada, com perspectiva de redução na área disponível para colheita em 0,8%, para 9,03 milhões de hectares, além da idade avançada dos canaviais. Estes fatores devem mais do que compensar a perspectiva de aumento da produtividade agrícola em relação a 2018/19 (em 0,4%, para 72,1 toneladas por hectare), decorrente da expectativa de clima menos adverso ao crescimento da cana que será colhida em 2019.
A estimativa é da consultoria INTL FCStone, que nesta quarta-feira divulga oficialmente sua expectativa de redução na moagem para 564,7 milhões de toneladas, 0,4% abaixo da safra atual. “Ao longo da safra 2018/19, segundo dados da Canasat, a área reservada para renovação no Centro-Sul ficou 2,1% abaixo do ano anterior e não foi suficiente para manter a idade média dos canaviais que, segundo nossas estimativas, avançou para 3,8 anos”, explica o especialista de mercado da INTL FCStone, João Paulo Botelho. Além disso, a baixa atratividade da cultura canavieira tem levado produtores a optarem pelo plantio de soja nas áreas de reforma, o que muitas vezes leva ao alongamento do ciclo de renovação. Em alguns casos isolados também houve troca de culturas para a oleaginosa.
Apesar de uma possível trégua no clima seco, o Açúcar Total Recuperável (ATR) médio não deve se beneficiar tanto quanto no ano que se encerra. A INTL FCStone projeta redução em 1,3% na concentração de açúcares, para 137,1 kg/ton. O ATR total, por sua vez, cairia em 1,7%.
Com menor disponibilidade de matéria-prima, a destinação da mesma será essencial para o impacto da próxima safra sobre os mercados de açúcar e de etanol. Ainda segundo visão do grupo, as usinas devem destinar 39,7% da matéria-prima para a produção de açúcar. “Este patamar é 4,6 pontos percentuais maior do projetamos para 2018/19, mas ainda assim é menor do que todas as demais safras desde 2008/09. Desta forma, a produção de açúcar do Centro-Sul avançaria 11,2%, para 29,3 milhões de toneladas”, avalia João Paulo.
O mercado de açúcar deve começar a precificar seus impactos sobre os futuros do adoçante ainda no primeiro semestre de 2019, com tempo mais do que suficiente para afetar o mix da safra 2019/20 no Centro-Sul.
Quanto à produção de etanol, projeta-se uma redução em 16,7% na produção de hidratado a partir da cana-de-açúcar, para 17,4 bilhões de litros, enquanto a produção de anidro de cana deve crescer 8,9%, para 10,0 bilhões de litros. Já o etanol de milho deve apresentar aumento de 30,5% no volume produzido, para 1,2 bilhões de litros, em grande parte devido à expectativa de que duas novas usinas entrem em operação em 2019. Ainda assim, espera-se que a produção total de etanol do Centro-Sul caia 7,8%, para 28,6 bilhões de litros.
“Além do menor volume de matéria-prima disponível, também levamos em consideração a expectativa de recuperação no consumo de combustíveis do ciclo Otto conforme a economia brasileira volte a crescer, após vários anos de recessão e estagnação”, resume João Paulo Botelho, da INTL FCStone.