Setor de cana descarta ameaça com Bolsonaro e diz que diálogo precisará ser intenso
SÃO PAULO (Reuters) - O governo de Jair Bolsonaro (PSL), eleito no domingo com 55,1 por cento dos votos válidos, não representa uma ameaça às demandas do setor sucroenergético brasileiro, mas será necessário um forte diálogo com o novo presidente, que assume em 1° de janeiro de 2019, disseram lideranças do segmento nesta segunda-feira.
A cadeia produtiva de açúcar e etanol do país, um dos maiores produtores de ambas as commodities e principal exportador do adoçante, surpreendeu-se com declarações de Bolsonaro durante o período de campanha, incluindo promessas de deixar o Acordo do Clima de Paris e rever as relações comerciais com a China, um importador de açúcar do Brasil.
Segundo o presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, André Rocha, já houve contato com a equipe de Bolsonaro, e a pauta prioritária no governo do PSL seguirá sendo o RenovaBio, a nova política nacional de biocombustíveis, em fase de regulamentação.
“Acho que agora é ter paciência... Ele (Bolsonaro) poderá ouvir o contraditório no governo”, afirmou Rocha no intervalo de conferência sobre açúcar e etanol, promovida pela consultoria Datagro, em São Paulo.
A presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Elizabeth Farina, disse, no mesmo evento, que será necessário levar uma “agenda detalhada” acerca das necessidades do setor sucroenergético.
“Vamos ter de renovar temas de biomassa na energia elétrica e de biocombustíveis”, afirmou Elizabeth, cuja entidade que preside é a mais importante do setor de cana no centro-sul do país.
O Brasil deve moer mais de 550 milhões de toneladas de cana neste ano, segundo estimativas de consultorias, com produção de cerca de 26 milhões de toneladas de açúcar e 30 bilhões de litros de etanol.
(Por José Roberto Gomes e Marcelo Teixeira)