Ampla oferta de açúcar na safra global 17/18 já compensou déficit recente, diz FCStone
SÃO PAULO (Reuters) - A ampla oferta de açúcar na safra global vigente (2017/18) já compensou todo o déficit de produção registrado nos dois ciclos anteriores, pressionando os preços do adoçante na bolsa de Nova York para perto das mínimas nesta década, disse nesta terça-feira um analista da INTL FCStone.
Na sexta-feira, a consultoria projetou um superávit de 10,8 milhões de toneladas de açúcar na atual temporada, que se encerra em setembro, em meio a fortes produções na Índia e na Tailândia. Esse excedente se segue a déficits de 7,1 milhões de toneladas em 2015/16 e de 2,1 milhões em 2016/17.
"Toda redução de estoques já foi compensada em 2017/18", frisou o analista de mercado da INTL FCStone, João Paulo Botelho, durante evento da consultoria em São Paulo.
Ele projeta pressão também no próximo ano, dadas a perspectiva de produção novamente elevada na Índia, segundo maior produtor depois do Brasil.
"A Índia pode ter um superávit na próxima safra. Esse açúcar vai ter de entrar no mercado internacional, seja subsidiado, seja o que for", comentou, lembrando que a própria INTL FCStone aposta em um excedente global de 7 milhões de toneladas no ciclo que se inicia em outubro.
Diante desse cenário, os preços do açúcar na bolsa ICE têm oscilado entre 10 e 11 centavos de dólar por libra-peso, o menor nível desde meados de 2015.
Para Botelho, esse nível de cotação, aliado à maior remuneração do etanol, tem desestimulado a produção de açúcar no Brasil. Com efeito, usinas têm focado na fabricação do biocombustível desde o ano passado, também na esteira de mudanças tributárias no país e da política de reajuste de preços da Petrobras.
Pelos cálculos da INTL FCStone, o valor da gasolina no mercado doméstico está, atualmente, cerca de 29 por cento acima do registrado há um ano. Já o do etanol, concorrente direto do combustível fóssil, registra valorização de 17 por cento na mesma base de comparação.
Nem mesmo a forte produção no centro-sul do país tem pressionado as cotações do álcool, comentou Botelho.
"Os preços do etanol já dão sinais de estabilização, por causa da demanda resultante da paridade favorável com a gasolina", afirmou o analista.
(Por José Roberto Gomes)