Açúcar: velocidade de queda do julho em NY deve levar mercado mais para o spot
Mesmo não sendo mais o contrato driver para o açúcar, o maio entrando na casa dos 11 c/lp na Bolsa de Nova York (ICE Futures) nesta abertura de semana leva à questão sobre a velocidade a qual o julho pode romper abaixo dos 12, reforçando a dúvida que permeia os exportadores há alguns dias: fixar o preço nessa faixa, já na zona de prejuízo, ou arriscar no spot. Essa segunda opção já começa a ser mais considerada.
Na verdade, a ida da tela do próximo mês a 11.98 c/lp, perdendo 10 pontos sobre a sexta, é um marco meramente psicológico, mas carrega para o julho (fechou em 12.17, com menos 3) uma quantidade expressiva de posições em aberto de entregas físicas do açúcar, tão baixas quanto foram em março. “O que reforça a tendência mais baixista”, explica Maurício Muruci, analista da Safras & Mercado.
Se se considerar o segundo contrato, portanto, como pico de safra no Brasil, coincidindo com a finalização do ciclo na Ásia, e seu excedente de 6 a 7 milhões de toneladas, crio-use um cenário de pressão que o traders estão com pouca ou nenhuma margem de manobra.
“O mercado tende a ser de fato mais spoteiro”, responde Ana Cláudia Cordeiro, da Canex Exportação, fazendo coro ao que João Paulo Botelho, da INTL FC Stone, disse sexta-feira ao Notícias Agrícolas. E mercado livre, com o tamanho dos inventários mundiais, também não deverá fugir da referência de Nova York.
Tem muito açúcar ainda sem preço. Entre 10 a 12 milhões de toneladas. E terão que ir para o mercado de um jeito ou de outros, pois a maioria das usinas de São Paulo, por exemplo, não têm capacidade operacional de somente produzirem etanol.
O agravante, como lembrou Ana Cláudia, é que já houve prejuízo, com prefixação “contra a tela”, mediante um adiantamento. E se deram mal.
Para completar, o etanol caiu muito nas usinas – quase 8%, pelo Cepea/Esalq na semana de 9 a 13 -, e o mercado brasileiro também não tem capacidade para absorver mais açúcar do que já consome. Produto que também vem sob pressão de safra, ainda que perderá de 5 a 6 milhões de toneladas para o etanol.