Novo plano de recuperação da Renuka será alinhado com Castlelake e BNDES, dizem fontes
Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - A Renuka do Brasil deve protocolar na Justiça ainda nesta semana um novo plano de recuperação já alinhado com a gestora norte-americana Castlelake, interessada na compra da usina de cana Revati, em Brejo Alegre (SP), e também com o BNDES, que vetou anteriormente um leilão do ativo, disseram à Reuters duas fontes a par do assunto.
Após aprovado pela Justiça, o plano deve ser levado a uma assembleia de credores previsto para o fim de abril ou início de maio, afirmou uma das fontes, com conhecimento direto do assunto, que pediu para ficar no anonimato.
A pessoa disse acreditar que os credores, sem grandes alternativas para um acordo, tendem a aceitar a proposta da Castlelake, que prevê assumir dívidas da Renuka de quase 3 bilhões de reais com um desconto de 81 por cento. O restante do passivo seria pago em 11 anos.
A outra fonte destacou, sem elaborar, que o plano deve ser estruturado de modo a evitar contestações por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), titular de garantias hipotecárias.
A Renuka do Brasil entrou em recuperação judicial em outubro de 2015 e, neste processo, tentou leiloar no início de 2017 uma de suas usinas, a Madhu, em Promissão (SP). Mas o BNDES pediu a suspensão do certame, algo que voltou a ocorrer em setembro, com a Revati.
Com a Castlelake, porém, a Renuka do Brasil poderia buscar uma nova linha para seu plano de recuperação, que encontrou empecilhos após a suspensão do leilão da Revati, usina com capacidade instalada para moer 4 milhões de toneladas de cana por safra.
A Reuters noticiou em fevereiro que a Castlelake faria uma proposta formal pela planta industrial neste mês.
Com mais de 13 bilhões de dólares em ativos em fundos e setores público e privado, segundo seu site, a Castlelake já comunicou aos credores e à própria indiana Shree Renuka Sugars que só leva adiante a aquisição da Revati se tiver garantias de fornecimento de cana.
Segundo as fontes, praticamente toda a cana da Renuka do Brasil está hoje perto da Madhu, e a Castlelake quer garantias de que a subsidiária indiana não operará nos próximos anos para ter acesso a esse produto.
Caso o negócio não avance, ambas as fontes ressaltaram que a Renuka do Brasil não conta com cana suficiente para operar as duas usinas na safra deste ano, cujo início oficial é em 1º de abril. Revati e Madhu possuem capacidade combinada para processar cerca de 10 milhões de toneladas de cana por temporada.
As fontes também não deram qual seria o valor do negócio entre a gestora norte-americana e a empresa sucroenergética.
Procuradas para comentar o assunto, a Shree Renuka Sugars e a Castlelake não responderam de imediato.