Açúcar: Frente a déficit, preços no Brasil subiram mais de 70% no último ano, diz presidente da Datagro
O déficit munidal de açúcar na temporada 2015/16, segundo uma estimativa da Datagro, é de 6,21 milhões de toneladas e os preços do produto para exportação para o produtor brasileiro responderam imediatamente. Em um ano, a média do valor da libra-peso passou de R$ 0,41 a R$ 0,43 para algo entre R$ 0,61 e R$ 0,67, conforme explica o presidente da consultoria, Plínio Nastari, durante uma entrevista coletiva no Global Agribusiness Forum 2016, em São Paulo, nesta segunda-feira (4). O aumento passa de 70%.
E esse déficit, após alguns ciclos de excedentes, deverá ser ainda maior no ano safra 2016/17, projetado para chegar aos 7,1 milhões de toneladas, cenário que se consolida como um dos principais pilares de sustentação para os preços do produto. Dessa forma, começa a terminar o período de, aproximadamente, cinco anos em que o setor sucroalcooleiro vinha trabalhando no vermelho.
Para Nastari, embora a recente queda do dólar tenha pesado sobre a formação dos preços do açúcar para exportação, a demanda internacional se mostra tão aquecida neste momento que acaba neutralizando o impacto do câmbio. Além disso, diante do déficit, a relação de estoque x consumo também vem caindo e ajudando a dar suporte às cotações. Em 30 de setembro de 2015 essa relação era de 48,1% e para 30 de setembro de 2017 deve cair para 39,8%.
Nesse quadro, a projeção da Datagro é de que durante a safra 2017/18, a produção de açúcar no Brasil apresente um incremento de 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas.
Etanol
Em um ano em que o mix da safra é muito mais açucareiro, a menor disponibilidade de etanol combustível elevou os preços e, consequentemente, reduziu o consumo. Segundo o presidente da Datagro, no acumulado dos primeiros cinco meses do ano, o consumo caiu 13% em relação ao mesmo período do ano passado.
Essa é uma situação pontual, entretanto. "O consumo de etanol no Brasil está vivo e nunca esteve tão forte, essa queda recente se deu somente por conta dos preços elevados", explica Nastari. Em dez anos, o consumo nacional cresceu 130,4%, passando de 12,5 bilhões para 28,8 bilhões de litros.