Setor sucroenergético lamenta a retirada do etanol e açúcar de acordo comercial com União Europeia

Publicado em 13/05/2016 16:04

Em relação à troca de ofertas ocorrida no âmbito das negociações de acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia no último dia 11/05, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (ÚNICA) - reagiu com grande indignação pela exclusão inicial do etanol, bem como do açúcar, da oferta apresentada pela União Europeia (UE), mas espera uma mudança deste cenário no decorrer do processo de negociação, pois a decisão não é final.

A expectativa da entidade é baseada em fatores econômicos e ambientais, em função dos amplos benefícios que serão trazidos tanto para o Mercosul quanto para a UE. Em relação ao etanol, é consenso que o biocombustível de cana-de-açúcar reduz a emissão de CO2 em até 90% se comparado com a gasolina (ciclo completo de produção), o que teria papel fundamental para que o bloco europeu atinja suas ambiciosas metas climáticas de redução de emissões de carbono no setor de transporte assinadas durante a COP21.

Dessa maneira, excluir o biocombustível brasileiro da oferta está em completa contradição com a estratégia adotada pela União Europeia. É importante ressaltar ainda que a inclusão do etanol de cana no acordo daria ao setor sucroenergético brasileiro mais competividade para as exportações direcionadas à região, que hoje são muito baixas devido à alta taxa existente, que é de 0,19 euros/litro. Por conta disso, mesmo sendo o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, o Brasil fornece menos de 2% do etanol utilizado na Europa.

“Foi com grande decepção que constatamos a exclusão do etanol na proposta da UE. O entendimento era o de que a proposta apresentada em 2004, e que já contemplava o etanol, deveria ser considerada um piso para as negociações atuais. Ou seja, a expectativa era a de que a oferta atual deveria ser ainda mais ambiciosa do que aquela feita há 12 anos pelo bloco”, afirma a presidente da UNICA, Elizabeth Farina.

O açúcar brasileiro, por sua vez, ainda sofre uma tarifa de importação absolutamente proibitiva, da ordem de 98 euros por tonelada, o que faz com que o produto represente menos do que 3,5% do volume consumido no continente. Dada a importância do setor para a economia brasileira, geração de 1 milhão de empregos diretos e aumento da renda em mais de 20% dos municípios do país, há uma grande expectativa de que o produto seja contemplado no acordo ao longo do processo de negociação entre as duas regiões, o que deve acontecer nos próximos meses.

O futuro acordo deveria reforçar os laços entre os blocos econômicos no setor de etanol e açúcar, que conta com forte investimento de grandes companhias internacionais. Para a UE, o aumento das importações do açúcar e do etanol de cana via Mercosul abriria uma excelente oportunidade de colaboração e desenvolvimento tecnológico de um biocombustível altamente sustentável, resultando em relevantes benefícios socioambientais e econômicos. A UNICA já manifestou esta preocupação ao governo brasileiro e espera um papel atuante dos representantes para um bem-sucedido acordo, que contemple os interesses do setor e do País.

Fonte: Unica

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