Chuvas beneficiam lavoura e safra da cana se estende no Centro-Sul do país
Ainda de acordo com a Unica, enquanto 78 usinas já haviam encerrado a moagem na primeira quinzena de novembro do ano passado, apenas 26 concluiram os trabalhos esse ano. A expectativa é que 590 milhões de toneladas de cana sejam moídas até o fim da safra.
"Os meses de chuva, que são janeiro, fevereiro e março, foram muito bons de chuva. Em abril, também choveu e, mesmo no período entre junho e julho, tivemos algumas chuvas esparsas, que contribuíram com a produção. Então, está sendo uma safra boa", explicou o agricultor Roberto Rossetti de Ribeirão Preto (SP).
Até novembro, por exemplo, o município no noroeste paulista registrou 1.255,4 milímetros de chuva, contra 1.060 milímetros no ano passado, alta de 18%, segundo levantamento da Defesa Civil. O resultado refletiu nas lavouras: 544,5 milhões de toneladas de cana foram processadas na região Centro-Sul, ante 538,4 milhões no período do ciclo anterior.
Rossetti contou que plantou 500 hectares de cana. A área é a mesma do ano passado, mas a produção deve ser maior, justamente devido ao volume de chuvas. A expectativa do agricultor é colher 43 mil toneladas, 7,5% a mais que na safra anterior.
"A gente está conseguindo médias boas de produção. Os preços da cana também estão melhorando. Com a melhora na produção de açúcar e álcool, consequentemente o preço da cana também se eleva", disse.
Etanol nas bombas
Outro destaque do balanço divulgado pela Unica é a alta de 2,14% na produção de etanol, ante a queda de 6,4% no total de açúcar produzido. O combustível somou 24,91 bilhões de litros, sendo 15,41 bilhões do tipo hidratado - usado no abastecimento dos veículos - e 9,49 bilhões de anidro - que é misturado à gasolina.
A explicação do presidente do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise-Br), Antonio Eduardo Tonielo Filho, é que a alta no preço da gasolina, provocada pelo reajuste nas refinarias e pela elevação de tributos, levou os consumidores a comprarem mais etanol. No mesmo sentido, as usinas investiram nesse produto.
O levantamento da Unica com base em dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) comprova que o mercado doméstico de etanol hidratado está aquecido. Até outubro, foram consumidos 14,88 bilhões de litros, contra 10,4 bilhões no ano passado. Entre o total de etanol vendido, por outro lado, apenas 1,36 bilhão de litros foi destinado à exportação.
"Os preços começaram a reagir em setembro, só que o nosso ano termina em março, que é o ano-safra. Então, a recuperação começou e a média vai melhorar. Nos últimos quatro anos, a gente veio tendo prejuízos e várias usinas enfrentaram problemas financeiros e fecharam. A nossa previsão é cobrir os nossos custos", afirmou Tonielo Filho.
Menos açúcar
No acumulado até 15 de novembro, a fabricação de açúcar totalizou 28,72 milhões de toneladas, segundo dados da Unica. No mesmo período do ano passado, já haviam sido produzidos quase 31 milhões de toneladas.
O volume de açúcar exportado também caiu 7,69%, passando de 14,3 mil toneladas para 13,2 mil na safra 2015/2016. O resultado também reflete a preferência dos usineiras pela produção de etanol.
Na usina administrada pelo diretor industrial Jairo Balbo, em Sertãozinho (SP), em torno de 55% do total de cana colhida foi destinado à produção de etanol. Balbo afirma, porém, que apesar do cenário positivo, os produtores da cadeia sucroenergética ainda não recuperaram as perdas dos últimos anos.
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