El Niño sugere preços mais elevados para o açúcar, mas efeitos ainda são incertos

Publicado em 28/05/2015 10:22

O fenômeno tem o potencial de prejudicar a safra dos quatro maiores exportadores do produto, que concentram mais de 50% de share no mercado
 
A ocorrência do evento climático El Niño traz incremento para os preços do açúcar, mas os efeitos sobre a oferta total podem ser suavizados por vários fatores locais de cada país, diminuindo o potencial de alta. “Os preços do açúcar dificilmente devem voltar a reagir de forma intensa ao fenômeno climático antes de este já estar totalmente estabelecido”, afirma o analista de açúcar, João Paulo Botelho, em estudo divulgado pela consultoria INTL FCStone.

Para o Brasil, país responsável por mais de 20% da produção global do adoçante, o impacto seria sentido sobre as duas safras. Enquanto no Centro-Sul a maior precipitação no inverno levaria a maiores dificuldades para realizar a colheita da cana, majoritariamente mecanizada, no Nordeste a seca durante a entressafra local prejudicaria o desenvolvimento da cana, diminuindo a produtividade agrícola.

Apesar disso, a consultoria pondera que as características do setor sucroenergético do país podem suavizar os efeitos de intempéries climáticas sobre a moagem total da safra. Com isso, seria necessário um volume muito grande de chuvas durante a temporada mais seca do ano para prejudicar significativamente a produção de açúcar.

 

Ao diminuir o volume de chuva durante as monções (período de desenvolvimento cana) e torná-las mais irregulares, o El Niño também diminuiria a produtividade dos canaviais indianos, apesar dos efeitos incertos. “As culturas concorrentes da cana têm maiores custos por hectare ou são mais sensíveis a intempéries climáticas, o que pode levar a aumento da área canavieira em caso de perspectiva de El Niño intenso”, destaca Botelho. A consultoria avaliou que o país asiático teria “médio” impacto absoluto na produção.

Já no sudeste asiático, a Tailândia (assim como ocorreria na Índia), também poderia sofrer com as chuvas abaixo da média durante a entressafra. Apesar disso, o setor sucroenergético do país é capaz de manter nível elevado de moagem total mesmo depois de entressafra relativamente seca, como ocorreu em 2014/15.

 

Fonte: INTL FCStone

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Hedgepoint reduz estimativa de produção de açúcar no Brasil em 300.000 toneladas
Biden, queda no petróleo e preocupação com demanda: Açúcar começa semana recuando mais de 1%
Produtividade da cana tem queda de 2,5% nesta safra, aponta CTC
Com petróleo também em baixa, açúcar amplia desvalorização nesta 2ª feira
Açúcar: Atento à oferta, semana começa com novas baixas
Açúcar tem semana focada em oferta global e encerra com baixas em NY e Londres