Produtores de soja buscam liberdade na escolha das sementes
Em Sapezal as novas cultivares foram plantadas em 5 hectares da fazenda Jardim, de Irio Dal"Maso. Ele, que planta 2 mil hectares de soja convencional, conta que pretende continuar investindo no negócio e aposta no mercado Europeu dizendo que a comercialização é garantida. Irio acompanhou de perto o desenvolvimento das 18 novas cultivares e já escolheu as que pretende plantar na próxima safra. Para ele, a Jeripoca e a Conquista foram as que mais se destacaram na região. "Mas, há várias outras que podem ser utilizadas". Segundo Irio, o importante é que o produtor tenha opção de escolha. "Temos que investir na produção de sementes".
Assim como Irio, o produtor Aido Mattijie, de Sapezal, também optou pelo soja convencional. Ele reclama da falta de sementes e diz que somente a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) investe em estudos de novas cultivares convencionais. "Ficamos 10 anos sem investimentos nesta área. Os resultados deste tempo sem pesquisa começam a surgir e a prejudicar quem pretende investir na produção de convencional. O principal deles é a falta de sementes".
Como o soja convencional se tornou um novo nicho de mercado, o trabalho da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) é oferecer novas alternativas para o produtor. O presidente da entidade Glauber Silveira ressalta que diante do mercado atual, produzir soja convencional é uma nova oportunidade de mercado. Ele diz que nesta safra muitos produtores optaram pelo soja convencional, mas não houve semente suficiente para atender a demanda. "O desafio é ampliar a oferta de cultivares convencionais de alta qualidade , favorecendo a competitividade em termos de volume de produção e de comercialização".
O programa Soja Livre é resultado de parcerias entre vários atores da cadeia produtiva da soja que trabalham em diferentes áreas como a geração de novas variedades e desenvolvimento de sistemas de produção, comercialização, processamento, industrialização e exportação. "O resultado dessa união será a produção de soja não geneticamente modificada para atender aos mercados e aos consumidores mais exigentes do mundo", enfatiza Glauber.
O gerente técnico da Aprosoja, Luiz Nery Ribas conta que a parceria entre a Aprosoja, Embrapa e Associação Brasileira de Produtores de Grão Não Geneticamente Modificados (Abrange) tem como objetivo ampliar a oferta de cultivares convencionais para Mato Grosso e estimular a produção que atenda o mercado. Também estão integradas neste projeto, a Aprosmat e as Fundações Triângulo, Rio Verde, Cerrados e Bahia. Os grupos Caramuru, Amaggi e Imcopa também trabalham com o mesmo objetivo.
O circuito de dias de Campo começou 27 de janeiro em Campos de Julho e já aconteceu em Sapezal, Campo Novo do Parecis, São José do Rio Claro, Lucas do Rio Verde e Sorriso. Nesta terça-feira (8), será na Fazenda Vale do Verde, em Sinop. Cada evento reúne em média 300 produtores. Eles conhecem as novas cultivares, trocam informações sobre a nova oportunidade de negócios e ainda discutem outros assuntos como sanidade, manejo e condições de mercado.