Seca na Argentina favorece soja de Mato Grosso
EXPORTADOR
As preocupações com a Argentina, terceiro maior exportador mundial de soja em grão, vêm dando suporte aos preços futuros da oleaginosa na Bolsa de Chicago, em meio a um panorama de oferta mundial apertada e demanda aquecida.
“O momento é extremamente favorável para a sojicultura brasileira. A seca já impactou nos preços e, mesmo que a safra argentina não tenha tantos problemas como o esperado, é possível que os preços continuem em patamares elevados em função da demanda mundial, que é cada vez mais firme e crescente, especialmente por parte da China”, analisa Marcelo Monteiro, diretor executivo da Aprosoja. Segundo ele, o cenário de preocupações gera um nervosismo no mercado e afeta os preços em todos os níveis – tanto no mercado externo quanto no interno.
“O preço hoje já está próximo do recorde (US$ 14/bushell, na Bolsa de Chicago - cerca de R$ 40 em Mato Grosso) e tudo indica que as cotações continuarão aquecidas”, diz Monteiro.
Na opinião do diretor da Aprosoja, os produtores deverão se manter atentos aos movimentos do mercado e fazer as contas antes de tomar qualquer decisão. “É preciso fazer um planejamento bem feito, estipular metas, checar os custos. Só depois ele poderá tomar uma decisão sem muitos riscos”.
ESTRATÉGIA
Para Marcelo Monteiro, a melhor estratégia para o produtor na safra 2010/11 será vender aos poucos. “Fazendo as contas e adotando esta estratégia, pode ser até mesmo que o produtor não acerte na mosca, mas pelo menos vai estar diluindo seus riscos e tendo mais chances de acertar”.
Na avaliação do diretor administrativo da Aprosoja, Carlos Henrique Fávaro, a estiagem na Argentina já impactou os preços no mercado internacional e também no interno. “Percebemos uma evolução expressiva, com os preços saindo da casa de US$ 16 para US$ 24 por saca em Mato Grosso”.
Ele acha que a quebra de produção é “fato concreto” na Argentina. “Só precisamos dimensionar de quanto será esta quebra e até que ponto a redução da safra argentina poderá afetar o suprimento da demanda mundial. Se a quebra for maior do que o esperado, os preços tendem a continuar subindo”.
“Este é um ano em que tivemos uma comercialização antecipada bastante alta – cerca de 70% - mas o saldo a ser vendido deve atingir preços bastante satisfatórios no decorrer deste ano. Aqueles que tiverem mais soja disponível poderão ganhar mais”.
OPORTUNIDADE
Para Favaro, a melhor alternativa para o produtor será “aguardar, segurar a produção para saber quando e quanto ele irá colher. Certamente teremos ainda bons momentos de comercialização”.
Segundo a Aprosoja, a produção já negociada foi vendida ao preço médio de US$ 18/saca, 25% a menos que a cotação atual.