Crise e oferta pressionam as cotações da soja
Não fosse a alta de 0,6% de sexta-feira - os papéis para julho fecharam a semana a US$ 9,60 -, a queda semanal teria sido um pouco maior, mas a persistência da crise em alguns países europeus e a expectativa de aumento da oferta global neste fim de safra 2009/10 poderão provocar novas baixas no curto prazo.
De acordo com cálculos do Valor Data, em Chicago a segunda posição já acumula retrações de 8,44% em 2009 e de 14,13% nos últimos 12 meses. A maior parte da produção brasileira na safra 2009/10 já foi negociada com preços melhores, o que ameniza o impacto da desvalorização dos últimos meses. Também a recuperação do dólar, diretamente relacionada às baixas nos preços, serve de alento aos exportadores. O Brasil é o segunda maior exportador de soja do mundo, atrás dos EUA, e o grão e seus derivados são o carro-chefe do agronegócio do país e das exportações nacionais do setor.
É em parte por causa da boa colheita no Brasil que, pelo lado dos fundamentos de oferta e demanda, as pressões também são baixistas, a exemplo do que acontece na frente financeira. Em novo levantamento divulgado na semana passada, a respeitada publicação alemã "Oil World" estimou a produção brasileira em 67,5 milhões de toneladas neste ciclo 2009/10, 1,5 milhão a mais que na projeção anterior e 10 milhões acima do resultado de 2008/09, em boa medida em virtude do clima favorável.
Para a Argentina, houve uma elevação de 700 mil toneladas na comparação com o levantamento anterior, para 54 milhões de toneladas. Em 2008/09, em consequência de uma severa estiagem, a colheita argentina ficou em 31,5 milhões de toneladas.
Com os ajustes promovidos nas safras dos principais produtores da América do Sul, a "Oil World" incrementou sua previsão para a produção mundial de soja em 2009/10 para 258,2 milhões de toneladas, expressivas 46,5 milhões de toneladas a mais que na temporada anterior. O volume também supera o cálculo da publicação para a demanda mundial, projetada em 234,2 milhões de toneladas no total.