China suspende importação de óleo de soja da Argentina
Publicado em 07/04/2010 17:14
As companhias exportadoras de óleo de soja da Argentina receberam um comunicado das importadoras da China para que não enviem mais navios com o produto ao país asiático, segundo informações publicadas pela imprensa argentina nesta quarta-feira.
As diferenças entre a Argentina e a China em torno da comercialização de óleo de soja começaram na quinta-feira passada, quando o governo chinês decidiu impedir a entrada de óleo com determinadas quantidades de um solvente chamado hexano, usado na produção do grão da soja.
Na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Jorge Taiana, convocou o embaixador chinês no país, Gang Zeng, para falar sobre a questão sanitária e comercial. O diplomata chinês, no entanto, afirmou que a medida poderia ser temporária.
"É uma questão de um ou dois meses", disse Gang Zeng, de acordo com o jornal Clarín.
Retaliação
A presidente da Câmara da Indústria Azeiteira da Argentina (CIARA), Raquel Caminoa, disse que a medida chinesa não estaria ligada, em sua opinião, a uma questão de qualidade, sugerindo que poderia ser uma represália comercial.
"Não é uma questão de qualidade (do óleo), mas uma medida contra barreiras comerciais (da Argentina contra produtos chineses)", disse.
Em um comunicado, a CIARA afirma que a Argentina respeita as normas internacionais para a produção de soja e que o óleo cru argentino representa 76% do total desta mercadoria importada pela China.
Ainda de acordo com a CIARA, a Argentina seria o "único" país produtor de óleo de soja no mundo a ter recebido a sanção dos chineses.
"O que seria um castigo apenas para o azeite de soja de origem argentina", diz o texto.
Brasil
A decisão da China poderia favorecer os exportadores brasileiros do produto, de acordo com o Clarín e com o diário econômico El Cronista.
O representante da Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal (Abiove), Carlos Lovatelli, disse às publicações que o Brasil poderia substituir parte das exportações argentinas.
Lovatelli, no entanto, afirmou que seria "difícil" a China abrir mão de toda a produção argentina, já que Brasil e Estados Unidos - os outros grandes produtores mundiais de soja - destinam parte da produção para a fabricação de biocombustíveis.
Nesta quarta-feira, a emissora de televisão C5N informou que o governo argentino teria conseguido "desbloquear" as exportações à China.
Assessores do Ministério das Relações Exteriores ouvidos pela BBC Brasil, no entanto, não confirmaram a informação.
Fonte:
Folha de S. Paulo