Transporte de soja e milho em hidrovias do Tapajós e Madeira é retomado, diz Amport
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - O transporte de soja e milho em barcaças pela hidrovia do Tapajós, que havia sido suspenso totalmente no começo de outubro por conta do tempo seco que atingiu a região amazônica, foi retomado com 50% da carga esta semana, de acordo com associação que representa empresas que operam na área.
A retomada da hidrovia que liga o terminal fluvial de Itaituba (PA), que capta cargas de Mato Grosso e das proximidades até os portos amazônicos, ocorreu à medida que os maiores volumes acumulados de chuvas elevaram o nível dos rios e permitiram as operações, afirmou à Reuters a Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport).
Já no rio Madeira, importante corredor hidroviário para escoar produtos do oeste do Mato Grosso e Rondônia até os terminais de exportação do Amazonas, o transporte de grãos passou poder a ocorrer com 100% da capacidade, a partir desta semana.
O transporte de grãos no Madeira havia sido paralisado ainda mais cedo do que no Tapajós, em setembro.
"O rio Madeira teve uma expressiva recuperação dos níveis d'água nos últimos 15 dias, que permitiu a retomada da navegação com a capacidade plena dos comboios", afirmou a Amport, que tem entre suas associadas a Cargill, Hidrovias do Brasil, Dreyfus e Unitapajós, joint venture entre Amaggi e Bunge.
"Da mesma forma, o rio Tapajós teve uma boa recuperação, que já permite a navegação de grãos utilizando 50% da capacidade de carga dos comboios", acrescentou.
Procuradas individualmente, Cargill, Amaggi e Hidrovias do Brasil preferiram não comentar a retomada da navegação. As outras companhias não comentaram o assunto imediatamente.
A seca no Norte do país, região que vem ganhando participação nos embarques totais de grãos brasileiros, só não afetou mais as exportações porque o Brasil já havia embarcado a maior parte de sua soja até outubro.
Além disso, com uma safra menor especialmente de milho, os embarques do cereal já caminhavam para uma queda expressiva ante os recordes de 2023, quando a seca também afetou o transporte de grãos nos rios amazônicos.
As principais tradings exportadoras se anteciparam ao problema em 2024 e direcionaram mais cargas para os portos do Sul e Sudeste, para evitar gargalos logísticos gerados pela seca amazônica, afirmou a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) anteriormente, embora isso eleve custos.
Os portos do chamado Arco Norte, que incluem Barcarena (PA), Itaqui (MA), Santarém (PA) e Itacoatiara (AM), entre outros, responderam por 33,8% das exportações de soja do Brasil em 2023 e por 42,5% dos embarques totais de milho brasileiro no ano passado, segundo dados do Anuário Agrologístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
No caso de Itaqui, no Maranhão, os acessos não dependem dos rios que tiveram problemas de seca. Santarém e Itacoatiara costumam ser mais impactados pela seca no Tapajós e Madeira.
(Por Roberto Samora)